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O Bitcoin oscila enquanto novas moedas surgem no horizonte - O que comprar primeiro?

Data de publicação
06 Junho 2025
10:44

Este ano teve vários sobressaltos dignos dos livros de história. Em maio, o Bitcoin tocou os 111.970 de dólares, cerca de 102.600 euros, antes de recuar quase 18% em menos de dez dias, alimentando manchetes sobre o “fim” do rali e reacendendo o debate entre maximalistas e céticos. No mesmo período, a volatilidade implícita chegou a 75%, valor que não se via desde o crash pandémico de 2020.

Embora dramatizada em rede social, esta montanha-russa não apanhou desprevenido quem acompanha os ciclos pós-halving. A compressão de oferta combinada com a entrada líquida de fundos através dos ETF spot nos Estados Unidos tendia, inevitavelmente, a atrair tomada de lucro agressiva logo que o activo ultrapassasse a barreira psicológica dos 100.000 dólares.

Bitcoin parece andar às arrecuas: Novos horizontes além dele

Para o investidor português, cujo apetite por cripto já supera a média europeia, 43% declaram deter activos digitais, segundo o relatório BlackRock People & Money 2024, a questão passa a ser calibrar a exposição entre um “rei” cada vez mais maduro e um enxame de tokens que não para de aumentar. O mercado tem muito a oferecer.

As novas criptomoedas em 2025 estão associadas a inteligência artificial descentralizada, tokenização de activos do mundo real e restaking de infra-estruturas Web3. Esses projetos seduzem, mesmo que desde janeiro, mais-valias obtidas em menos de 365 dias são tributadas, independentemente do estatuto de residente.

Com o Bitcoin a recuar, essas promessas ganham espaço. Mas, a atual situação do BTC resume-se a três blocos interligados. Primeiro, a liquidez mundial encolheu à boleia das subidas de juros do BCE. Em Portugal, por exemplo, o custo médio do crédito à habitação subiu para 3,73% em março, retirando poder de fogo a parte do público que usava margens de poupança para comprar cripto.

Segundo, os mineradores ajustaram a oferta face ao halving de 2024. A redução de 900 para 450 BTC diários exacerbou a sensibilidade do preço a ordens institucionais de grande volume. E terceiro, o mercado reage em tempo real às expectativas de regulação.

O pacote europeu MiCA, que entrou em vigor em dezembro, trouxe clareza, mas também impôs requisitos de custódia que pressionam as exchanges a aumentar spreads em território europeu.

O primeiro passo antes de comprar e a anatomia de uma alocação equilibrada

Escolher quanto investir em cada segmento exige olhar, mais do que para a cotação diária, para métricas como valor total bloqueado (TVL) em protocolos DeFi e para a liquidez nas principais bolsas que servem residentes nacionais. Uma vez que quase metade dos investidores portugueses dizem deter activos digitais, a decisão já não passa por “entrar ou não entrar”, mas antes por quanto colocar em cada prateleira do portefólio.

A regra empírica de quem se estreia costuma começar num rácio 70-20-10. Setenta por cento em Bitcoin, vinte em altcoins de grande capitalização e dez em early-stage tokens de alto risco. A lógica é simples, proteger a base com um activo escasso e altamente líquido, reservando espaço para projectos consolidados que captam network effects.

E, claro, guardar uma margem, a mais arriscada, para apostar em inovação pura. Há ainda o dilema entre esperar por uma correcção ou comprar em prestações. Uma olhada no Boletim Económico do Banco de Portugal pode guiar a resposta a essa pergunta. Quanto mais caro o crédito, menor a folga para entradas de largo alcance; daí a popularidade do dollar-cost averaging.

ETFs reforçam o papel do “rei”, mas continuam a nascer novas estrelas

O boom dos ETF spot nos Estados Unidos ajuda a perceber porque é que tanta gente continua a apontar o grosso das compras ao Bitcoin. Em apenas dez sessões consecutivas de maio, estes veículos canalizaram mais de 4,26 mil milhões de dólares para o mercado, segundo dados compilados pela U.Today.

O fundo da BlackRock, o IBIT, já soma mais de 6,2 mil milhões em entradas líquidas, um recorde desde o arranque dos produtos aprovados pela SEC. Para o investidor doméstico, os ETFs são uma solução regulada e integrada na conta-títulos, mas não cobrem o ecossistema emergente.

Quem quiser exposição a esse segmento terá inevitavelmente de recorrer a compras directas em exchange ou a fundos de capital-risco especializados. Mas, se a capital, Lisboa, já era apelidada de “Lisboa Valley”, 2025 trouxe números que afirmam essa alcunha. Projectos cripto sediados em Portugal levantam milhões de euros em rondas de financiamento.

Embora apenas uma fracção desse montante esteja cotada em bolsas mundiais, a profusão de incubadoras e de talento estrangeiro atrai cada vez mais propostas de valor que fogem à obviedade do copy-paste. Há tokens que tokenizam obrigações soberanas, redes de IA cooperativa remunerada em cripto e soluções de restaking que pagam rendimento passivo a quem já valida outras cadeias.

Vantagens e desvantagens

Antes de decidir como distribuir o capital, é preciso pesar cuidadosamente os benefícios e os riscos que os dados mais recentes revelam.

Prós

Liquidez robusta: O Bitcoin mantém um “colchão de saída” graças a entradas líquidas de 6,2 mil milhões de dólares no ETF IBIT da BlackRock.

Adoção institucional: ETF spot e regulação MiCA conferem legitimidade e facilitam a custódia em plataformas reguladas.

Potencial de crescimento: Tokens lançados em 2025 expõem o investidor a sectores em expansão, como IA descentralizada e tokenização de real-world assets, com hipóteses de multiplicar capital.

Contras

Risco de perda rápida: Boa parte dos tokens listados em 2024 negoceiam hoje abaixo do preço inicial, volatilidade extrema continua a ser a norma.

Impacto fiscal: Mais-valias realizadas em menos de 12 meses pagam 28% de imposto em Portugal, reduzindo ganhos de curto prazo.

Correlação crescente: Altcoins médias, em choques de liquidez globais, comportam-se como activos de risco tradicional, limitando o poder de diversificação.

Conclusão

O investidor português está perante um binómio clássico. Um Bitcoin já maduro, mas ainda volátil, e um conjunto de moedas nascentes que prometem democratizar a IA, tokenizar imóveis ou remunerar restaking de infra-estruturas Web3. A dobradiça entre ambas pode ser a chave. Não existe percentagem mágica. Existe, sim, a consciência de que a volatilidade é o preço da entrada.

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