MADEIRA Meteorologia

Bancos já recusam crédito a particulares de empresas afetadas pela covid-19

JM-Madeira

JM-Madeira

Data de publicação
06 Março 2021
5:00

Com a pandemia, os bancos ‘robusteceram’ as análises de risco. Hoje, mais do que nunca, a posição económica das empresas determina a aprovação ou não do crédito particular aos respetivos trabalhadores. Esta é uma realidade que também se aplica à Região, conforme constatou o JM-Madeira.

Pode o banco recusar-lhe crédito por trabalhar numa empresa afetada pela pandemia? Não só pode como alguns instituições já o estão a fazer, nomeadamente em áreas como o turismo e a restauração.

"Existindo liberdade contratual nas relações comerciais, o crédito à habitação é um acordo livre entre as partes", esclarece o Banco de Portugal (Bdp).

Ora, face à instabilidade económica causada pela covid-19, a banca tornou-se ainda mais rigorosa na ponderação de risco, dificultando a atribuição de empréstimos a funcionários de empresas em situação instável.

"Hoje analisa-se com mais pormenor a empresa onde o cliente trabalha e não apenas a situação do cliente", afirma Tito Rodrigues, responsável pela MAXFINANCE Ilhas, uma empresa de intermediação de crédito que está presente no mercado regional desde 2016 e é regulada pelo Banco de Portugal.

Tudo isto assenta na lógica de que o banco assume, ao conceder um empréstimo, um risco assente na probabilidade de não reaver o dinheiro que emprestou. Se o risco da operação é demasiado elevado, o pedido de crédito pode ser recusado.

Na atual conjuntura de crise económica, observa Tito Rodrigues, são exigidas mais garantias, "tudo tem de ser bem argumentado" e a documentação solicitada é ainda mais rigorosa, podendo ir ao ponto de incluir dados como "a previsão de data de saída da situação de lay-off da empresa onde o cliente trabalha", deduzindo-se que as empresas nesta situação não podem despedir funcionários.

"Nós temos clientes que antes da pandemia reuniam todos os critérios para a aprovação do crédito e que, neste momento, o banco não se sentiu confortável para fazer essa operação", constata o consultor, adiantando que alguns bancos estão a inviabilizar empréstimos a particulares empregados em setores afetados pela pandemia.

Mediante a recusa a um pedido de crédito, é importante perceber o porquê da decisão e apresentar contra-argumentos. "Algumas situações podem ser ultrapassadas com um fiador. Em outros casos, o banco pode pedir um valor de entrada maior", exemplifica Tito Rodrigues, considerando que uma das mais-valias dos serviços oferecidos pela MAXFINANCE Ilhas é o pleno conhecimento dos critérios das diversas instituições bancárias, o que facilita no processo de ajuste do perfil dos clientes a essas exigências.

Sejam grupos económicos de maior ou menor dimensão, o facto de operarem em setores instáveis como a restauração e a hotelaria acrescenta risco à operação, observa Fábio Bastos.

O diretor da UCI na Madeira lembra que este mecanismo é uma defesa da banca e não deve ser olhado numa mera perspetiva de negócio, sobretudo numa semana em que a ACIF veio a público admitir que 70% das unidades hoteleiras da Região vão esgotar, nos próximos dois meses, a capacidade para suportar responsabilidades como os salários.

A banca não quer repetir a experiência de 2008, 2010 e 2012 quando foi obrigada a ficar com uma série de imóveis que os clientes não conseguiram pagar, recorda Fábio Bastos.

Apesar de a análise de risco ser hoje mais rigorosa - quer para o historial do cliente, quer para a situação da empresa onde trabalha -, "cada caso é um caso", sublinha o diretor da UCI, lembrando que, em determinadas situações, uma entrada de capital mais elevada ou um fiador pode ajudar a ultrapassar a situação.

Também Ricardo Assunção, CEO da Leilolease Finance, um intermediário em operações bancárias, confirma a tendência. "A concessão de crédito entra numa ponderação de risco. Sempre foi assim", refere, dando como exemplo os trabalhadores da categoria B e os casais que estão ambos em lay-off.

O facto é que a instituição de crédito não é obrigada a conceder o empréstimo, acrescenta Roberto Silva, da imobiliária 7M. Da mesma forma que a análise de risco pondera o historial de crédito de um cliente ou a taxa de esforço, também é natural que o possa estender à sua situação laboral quando se justifica.

Por Patrícia Gaspar

OPINIÃO EM DESTAQUE
Coordenadora do Centro de Estudos de Bioética – Pólo Madeira
18/12/2025 08:00

Há uma dor estranha, quase impossível de explicar, que nasce quando alguém que amamos continua aqui... mas, aos poucos, deixa de estar. Não há funerais,...

Ver todos os artigos

88.8 RJM Rádio Jornal da Madeira RÁDIO 88.8 RJM MADEIRA

Ligue-se às Redes RJM 88.8FM

Emissão Online

Em direto

Ouvir Agora
INQUÉRITO / SONDAGEM

Concorda com a entrega do Prémio Nobel da Paz a Maria Corina Machado?

Enviar Resultados
RJM PODCASTS

Mais Lidas

Últimas