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Trabalhadores da RTP e mais de 2 mil pessoas contestam permanência de Portugal na Eurovisão

Data de publicação
06 Dezembro 2025
13:14

Estruturas representativas de trabalhadores da RTP contestam a decisão de Portugal se manter no Festival Eurovisão da Canção, em que estará Israel, e consideram que a RTP deve rever a sua posição e não participar na próxima edição.

A tomada de posição de várias estruturas representativas dos trabalhadores, a que a Lusa teve acesso, foi lida na sexta-feira no plenário de trabalhadores da RTP convocado a propósito da greve geral de dia 11.

Aí, é condenada “a decisão da UER [União Europeia de Radiodifusão] de manter Israel no Festival Eurovisão da Canção de 2026, apesar da continuação das ações militares em Gaza e das graves violações de direitos humanos amplamente denunciadas pela comunidade internacional”.

Os trabalhadores da RTP consideram que “manter a KAN [a televisão pública israelita] no certame contribui para a legitimação e normalização de um Estado acusado de crimes de guerra” e dizem ser “incompreensível que a RTP tenha confirmado a participação de Portugal e apoiado a aprovação das novas regras que, na prática, mantêm Israel — e a KAN — na competição”.

A moção pede que a administração reveja a sua posição, considerando que a empresa pública de rádio e televisão tem de se afirmar, “sem ambiguidades, como serviço público comprometido com a ética, a coerência e os direitos humanos”.

“Os trabalhadores da RTP instam o Conselho de Administração a reavaliar urgentemente a sua posição e a pronunciar-se publicamente contra a participação de Israel em 2026”, lê-se na tomada de posição, que será enviada à administração da RTP, liderada por Nicolau Santos.

Esta tomada de posição foi tornada pública no plenário de trabalhadores da RTP de sexta-feira e é assinada pelas listas A e B que concorreram à Comissão de Trabalhadores, pela Subcomissão de Trabalhadores do Porto e por vários sindicatos (Sindicato dos Jornalistas, Sindicato dos Trabalhadores de Telecomunicações, Sindicato Nacional dos Trabalhadores das Telecomunicações e do Audiovisual, Sindicato dos Meios Audiovisuais, Sindicato Independente dos Trabalhadores da Informação e Comunicações).

Na assembleia-geral da UER de quinta-feira foi decidido que Israel poderá participar no Festival Eurovisão da Canção 2026. Em seguida, Espanha, Irlanda, Países Baixos e Eslovénia anunciaram o boicote ao festival.

“Cobardia política”

O músico Salvador Sobral, vencedor da Eurovisão em 2017, criticou esta sexta-feira a decisão da RTP de participar na próxima edição do Festival Eurovisão da Canção, tendo afirmado que soube disso durante o concerto ‘Juntos por Gaza’, em Lisboa, em que participou e que será transmitido na RTP.

“A RTP, o canal do Estado, decidiu participar na Eurovisão mesmo com a participação de Israel. Aquela expressão dar uma no cravo e outra ferradura nunca teve tanto sentido como ontem à noite. A televisão nacional transmite um concerto por Gaza e ao mesmo tempo tem medo de fazer a coisa certa”, afirmou o músico num vídeo partilhado na sexta-feira na rede social Instagram.

Para Salvador Sobra, trata-se de um exemplo de “cobardia política, (...) coerente com a cobardia institucional, das instituições públicas”.

“Deixa-me triste porque é uma questão simplesmente humana e é óbvia a decisão que tem de se tomar”, acrescentou.

Segundo Salvador Sobral, a RTP deveria manter o Festival da Canção, mas o vencedor não iria à Eurovisão e seria premiado de outra forma.

Petição pela “retirada imediata de Portugal”

O “desacordo e indignação relativamente à posição da RTP face ao próximo Festival Eurovisão da Canção”, agravado pelo facto de a representação portuguesa “ter votado a favor da participação de Israel, colocando Portugal do lado errado da História”, motivou uma petição pública que, à hora desta publicação, contava com 2.500 assinaturas.

Os peticionários exigem que a RTP “anuncie a não-participação de Portugal na Eurovisão 2026”, face à “gravidade da situação humanitária, à manipulação comprovada dos resultados como ferramenta de propaganda e à vergonhosa posição de apoio manifestada pelo voto português”.

“Portugal deve corrigir o erro do seu voto e juntar-se ao bloco de países, como a Espanha, que se recusam a branquear a situação. É imperativo defender a dignidade dos artistas nacionais, o respeito pelo Direito Internacional e a génese do próprio festival. Criada em 1956 para promover a paz e a união entre os povos num pós-guerra, a Eurovisão não pode servir de palco para normalizar a guerra”, lê-se ainda.

O Festival Eurovisão da Canção é organizado pela UER, fundada em 1950, em cooperação com operadores públicos de mais de 35 países, entre os quais a Rádio e Televisão de Portugal (RTP).

O 70.º Festival da Eurovisão da Canção acontecerá em maio de 2026, em Viena (Áustria).

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