O Museu Etnográfico da Madeira, espaço tutelado pela Secretaria Regional de Turismo, Ambiente e Cultura, através da Direção Regional da Cultura, abre ao público esta terça-feira, dia 16 de dezembro, pelas 17h30, a ‘Lapinha do Caseiro’.
A ‘Lapinha do Caseiro’ foi um dos mais célebres presépios da Ilha, mantendo-se durante décadas como uma das grandes atrações do Natal madeirense. Manteve-se exposta por mais de 70 anos, na Capela do Menino Jesus, no Caminho do Monte, tornando-se um local de passagem e de devoção, sobretudo no Natal, constituindo uma memória para consecutivas gerações de madeirenses, razão determinante para a aposta na sua salvaguarda por parte do Governo Regional da Madeira. A aquisição deste Presépio pela Secretaria Regional de Turismo, Ambiente e Cultura ocorreu em 2015 e teve como objetivo a manutenção da integridade e a preservação deste conjunto de mais de trezentas peças, esculpidas em madeira de cedro.
Francisco Ferreira, o “Caseiro”, artista autodidata, demonstrou cedo a sua aptidão para talhar a madeira, esculpindo desde os seus 14 anos e tornando-se santeiro de profissão.
Foi autor de inúmeras imagens que se mantêm na Ilha, na posse de familiares, de particulares e dispersas por algumas igrejas (de Nossa Senhora do Monte, de Santo António, no Funchal e da Tabua, na Ribeira Brava). Outras perderam-se, possivelmente levadas para longe por emigrantes devotos.
A obra da sua vida foi, de facto, o presépio. Este conjunto narra o longo percurso deste artesão, testemunhando toda a sua evolução e a sua aptidão para talhar a madeira.
Com o propósito de preservar e salvaguardar este precioso testemunho do nosso património cultural, a coleção foi adquirida pelo Governo Regional para integrar e enriquecer o acervo do Museu Etnográfico da Madeira.
Restaurada e incorporada no seu acervo, passou a integrar o percurso da exposição permanente e é aberta ao público, anualmente, nesta época, recuperando-se, desta forma, a tradicional visita dos madeirenses àquela lapinha.
Também esta terça-feira, abre ao público a mostra Presépios Sustentáveis, este ano sob o tema ‘Criando com Pedra’. Esta atividade insere-se no âmbito do Projeto ‘Museu Sustentável’, que tem como objetivo promover a consciência para os efeitos da atuação humana sobre o ambiente e destacar o papel dos museus no desenvolvimento de novos métodos de pensar e de agir, que garantam o respeito pelos limites e pela diversidade da natureza.
Porque reutilizar é uma prioridade e porque o museu pretende transmitir, especialmente aos mais jovens, a necessidade de repensar a nossa forma de agir, protegendo o ambiente e promovendo uma vida sustentável, organizam-se, no seio deste projeto, diferentes atividades, ao longo de todo o ano, recorrendo à reutilização de materiais.
Neste Natal, tendo em conta a exposição temporária patente ao público no museu ‘Cantaria Mole. A obra’, os participantes neste projeto (instituições do concelho da Ribeira Brava, parceiras do museu), foram desafiados a utilizar pedra, da nossa Região. A pedra natural é uma matéria-prima, com grande expressão plástica, conferida pela sua cor e textura, o que permite criar interessantes obras.
Eduardo Jesus, Secretário Regional de Turismo, Ambiente e Cultura, sublinha que a abertura da ‘Lapinha do Caseiro’ representa “um momento de particular significado para a Região, por devolver aos madeirenses um dos mais emblemáticos testemunhos da nossa memória coletiva”. Para o governante, “este é um retrato vivo da sociedade madeirense de outros tempos, da devoção popular e do génio criativo de Francisco Ferreira, cuja preservação constitui uma responsabilidade pública”.
Relativamente à mostra ‘Presépios Sustentáveis – Criando com Pedra’, Eduardo Jesus destaca que esta iniciativa “reforça o compromisso do Museu Etnográfico da Madeira com a sustentabilidade e com a educação para novas formas de pensar e agir”. Segundo o responsável, “ao associar a tradição do presépio à reutilização de materiais naturais da Região, como a pedra, o museu promove valores ambientais, estimula a criatividade e envolve a comunidade, sobretudo os mais jovens, numa reflexão essencial sobre a proteção do património natural”.
O Secretário Regional acrescenta ainda que “estas duas exposições, embora distintas, complementam-se na missão do museu: preservar o património cultural, valorizar a identidade madeirense e, simultaneamente, projetar um futuro mais consciente e sustentável”.
As duas mostras poderão ser visitadas até 30 de janeiro de 2026.