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Caixão de Francisco fechado; Vaticano revela texto do ‘rogito’ (com fotos)

Data de publicação
25 Abril 2025
23:09

O Vaticano publicou hoje o texto do ‘rogito’, elegia em latim, que foi colocada esta noite no féretro de Francisco, sobre os principais atos da vida do falecido Papa, destacando a sua “humanidade” e a luta contra os abusos na Igreja.

“Francisco deixou a todos um testemunho admirável de humanidade, de vida santa e de paternidade universal”, refere o texto.

A nota sublinha ainda que o falecido Papa “tornou mais severa a legislação relativa aos crimes cometidos por representantes do clero contra menores ou pessoas vulneráveis”, em particular com o decreto ‘Vos estis lux mundi’, de 2019.

Depois que a Basílica de São Pedro encerrou portas aos peregrinos e visitantes que se despediram do Papa, o caixão foi fechado num rito privado.

O mestre das Celebrações Litúrgicas, monsenhor Diego Ravelli, leu o ‘rogito’ e, em seguida, estendeu o véu de seda branca sobre o rosto do defunto, aspergido com água benta.

Junto ao corpo de Francisco foi colocado um saco com as moedas e medalhas cunhadas durante o pontificado e o tubo com o ‘rogito’, depois de selado com o selo do Departamento das Celebrações Litúrgicas.

O documento é, oficialmente, a “Escritura para o piedoso trânsito de Sua Santidade Francisco”.

“Connosco, peregrino da esperança, guia e companheiro de caminho rumo ao grande objetivo para o qual somos chamados, o Céu, no dia 21 de abril do Ano Santo de 2025, às 7h35 da manhã, enquanto a luz da Páscoa iluminava o segundo dia da Oitava, Segunda-feira do Anjo, o amado Pastor da Igreja, Francisco, passou deste mundo para o Pai. Toda a comunidade cristã, especialmente os pobres, louvava a Deus pelo dom do seu serviço prestado com coragem e fidelidade ao Evangelho e à mística Esposa de Cristo”, pode ler-se.

O registo de Francisco, 266.º Papa, sublinha que “a sua memória permanece no coração da Igreja e de toda a humanidade”.

Ao sublinhar o seu percurso na Argentina, o texto refere que, como arcebispo de Buenos Aires, Jorge Mario Bergoglio “foi um pastor simples e muito amado na sua Arquidiocese, que percorria de um lado a outro, mesmo no metro e nos autocarros”.

“Morava num apartamento e preparava o seu jantar sozinho, porque se sentia uma pessoa comum”, acrescenta.

O documento evoca o Conclave de 2013, em que foi eleito Papa após a renúncia de Bento XVI “e tomou o nome de Francisco, porque, seguindo o exemplo do santo de Assis, queria ter no coração, antes de tudo, os mais pobres do mundo”, citando as suas primeiras palavras, em que pede a bênção do povo.

A nota oficial realça que o falecido Papa recomendou aos sacerdotes que “estivessem sempre prontos a administrar o sacramento da misericórdia, que tivessem a coragem de sair das sacristias para ir em busca da ovelha perdida e que mantivessem as portas da igreja abertas para acolher todos aqueles que desejavam encontrar o rosto de Deus Pai”.

“Exerceu o ministério petrino com incansável dedicação ao diálogo com os muçulmanos e com os representantes de outras religiões, convocando-os por vezes para encontros de oração e assinando declarações conjuntas em favor da concórdia entre os membros de diferentes credos, como o Documento sobre a Fraternidade Humana, assinado em 4 de fevereiro de 2019, em Abu Dhabi, com o líder sunita al-Tayyeb”, acrescenta a nota biográfica.

O texto recorda a instituição dos Dias Mundiais dos Pobres, dos Avós e das Crianças, sinal do “seu amor pelos últimos”, bem como a criação do Domingo da Palavra de Deus.

O Vaticano recorda que, em dez consistório, Francisco criou 163 cardeais, dos quais 133 eleitores e 30 não eleitores, provenientes de 73 nações, 23 das quais nunca tinham tido um cardeal.

“Mais do que qualquer um dos seus antecessores, ampliou o Colégio Cardinalício”, refere o documento, evocando ainda as cinco Assembleias do Sínodo dos Bispos, três ordinárias, dedicadas à família, aos jovens e à sinodalidade, uma extraordinária novamente sobre a família e uma especial para a Região Pan-Amazónica.

O Papa é lembrado pela sua voz “em defesa dos inocentes” e pela intervenção na pandemia de Covid-19, com referência à noite de 27 de março de 2020, quando “quis rezar sozinho na Praça de São Pedro, cujo colunata simbolicamente abraçava Roma e o mundo, pela humanidade amedrontada e ferida pela doença desconhecida”.

O ‘rogito’ evoca os últimos anos do pontificado, “marcados por numerosos apelos à paz, contra a III Guerra Mundial aos bocados, em curso em vários países, especialmente na Ucrânia, mas também na Palestina, Israel, Líbano e Mianmar”.

A nota destaca os internamentos no Hospital Gemelli, de Roma, em particular a última, de 38 dias, devido a uma pneumonia bilateral.

“De regresso ao Vaticano, passou as últimas semanas da sua vida na Casa Santa Marta, dedicando-se até ao fim e com a mesma paixão ao seu ministério petrino, embora ainda não totalmente recuperado”, indica o texto, que recorda a última aparição na varanda da Basílica de São Pedro, no Domingo de Páscoa, para conceder a bênção ‘Urbi et Orbi’.

O registo elenca os principais documentos do pontificado, em especial as quatro encíclicas: ‘Lumen fidei’ (29 de junho de 2013), que aborda o tema da fé em Deus; ‘Laudato si’ (24 de maio de 2015), que aborda o problema da ecologia e a responsabilidade da humanidade na crise climática; ‘Fratelli tutti’ (3 de outubro de 2020), sobre a fraternidade humana e a amizade social; ‘Dilexit nos’ (24 de outubro de 2024), sobre a devoção ao Sagrado Coração de Jesus.

Outro ponto em destaque é a reforma da Cúria Romana, com a constituição Apostólica ‘Praedicate Evangelium’ (19 de março de 2022).

O rito do encerramento do caixão decorreu às 20h00 (menos uma em Lisboa), no Altar da Confissão da Basílica de São Pedro, presidido pelo cardeal camerlengo, D. Kevin Farrell.

Durante a noite, o Capítulo de São Pedro “assegurará uma presença de oração e vigília junto ao corpo do pontífice, até aos preparativos da Santa Missa da manhã seguinte”, informa o Vaticano, acrescentando que estavam presentes “alguns familiares” de Francisco.

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