MADEIRA Meteorologia

PS: “Acabemos com a demonização”

Paula Abreu

Jornalista

Data de publicação
01 Julho 2025
10:11

“Neste Dia da Região e das Comunidades Madeirenses, celebramos aquilo que nos une: a nossa identidade, a nossa história, a nossa cultura e a conquista da nossa Autonomia”. As palavras são de Paulo Cafôfo, líder parlamentar do PS, proferidas na sessão solene do Dia da Região.

O socialista quis celebrar o povo que nunca se resignou”, quer na Região quer além fronteiras. Mas, alertou para aquilo que considera ser o aumento do xenofobismo na Região, uma terra de emigrantes.

“Os que escolhem a Madeira para viver, trabalhar e contribuir para o nosso progresso também merecem respeito, dignidade e integração.”.

A Madeira sempre foi terra de partida. Agora é também terra de chegada”.

Pedindo uma reflexão séria “e descontaminada dos discursos de ódio” sobre o facto de sermos também terra de acolhimento, Paulo Cafôfo entende que “não podemos celebrar a emigração madeirense e ao mesmo tempo alimentar um discurso contra quem imigra para a nossa terra. Infelizmente, estas contradições têm origem numa cultura de demonização que tem sido, nesta terra, alimentada ao longo de muitos anos, e que tem transformado a diferença em ameaça”.

Lembrou a resistência que houve com a entrada de chineses e, atualmente de indianos, mas sustentou que são eles quem têm garantido o desenvolvimento económico da Região”.

“Esta é a mesma postura que, ao longo de décadas, tem também demonizado a oposição política, tratando quem discorda como inimigo da Madeira ou como traidor da Autonomia”, comentou, lamentando que “a oposição seja tratada não como adversária legítima, mas como um corpo estranho – como se questionar quem governa fosse um crime de lesa-pátria”.

Por outro lado, sublinhou que “quem quer uma Madeira livre não pode ter medo do debate. Quem diz defender a Autonomia não pode usar a Autonomia como escudo para esconder erros, silenciar críticas ou impor pensamento único. Na Madeira, foi normalizado o hábito de tratar quem pensa diferente, ou quem é diferente, como inimigo”.

“Este clima de desconfiança e divisão, alimentado por narrativas de medo e confronto, abre caminho a outras formas de rejeição, incluindo uma aversão crescente aos imigrantes e atitudes xenófobas”. Paulo Cafôfo

Quando se banaliza o ataque ao “outro” – seja ele um adversário político ou alguém que vem de fora – normaliza-se um discurso de exclusão que enfraquece a democracia, mina a coesão social e desvia a atenção dos verdadeiros problemas que afetam a vida das pessoas.

Criou-se na nossa sociedade um “caldo cultural” que é tóxico. A demonização alastou-se e expressa-se em atitudes xenófobas e racistas, cada vez mais recorrentes na nossa comunidade, na vizinhança, no local de trabalho ou no espaço público”.

O que atinge também os que regressaram da Venezuela, disse, e até quem vem do continente. “Os problemas da habitação, do acesso à saúde, da distribuição injusta dos rendimentos, da falta de segurança e toxicodependência, não foram causados pelos imigrantes. Antes de eles cá chegarem, já existiam. Foram causados por anos de más decisões políticas, ou ausência delas, que deixaram as pessoas sem resposta para as suas necessidades”.

Paulo Cafôfo defendeu que “a imigração deve ser regulada, planeada e acompanhada com responsabilidade, mas não pode servir de bode expiatório para os problemas que a Região e o País enfrentam, como vejo alguns partidos da direita e da extrema-direita fazerem.

Os imigrantes contribuem – e muito – para a nossa economia e para a sustentabilidade da Segurança Social. Trabalham em setores onde há falta de mão de obra, pagam impostos e descontam.

Em 2024, os imigrantes contribuíram com 3,65 mil milhões de euros para a segurança social, recebendo apenas 688 milhões – um saldo positivo de quase 3 mil milhões de euros. Como se comprova, não vivem de subsídios.

A Madeira sem os imigrantes parava e o crescimento económico, tão propagandeado, jamais seria o que é.

São estas pessoas que asseguram os principais setores económicos da Região: a hotelaria, a restauração e a construção. Os imigrantes permitem também amortecer o envelhecimento da população e rejuvenescem as nossas escolas”.

“A Madeira precisa de todos”, vincou Paulo Cafôfo.

A terminar, deixou o apelo: “acabemos com a demonização. Sejamos terra de respeito, de inclusão e de solidariedade. Façamos da Autonomia uma casa comum, onde ninguém é deixado para trás, e onde todos, independentemente da sua origem ou opções partidárias, têm o direito de construir o seu futuro com dignidade.”

OPINIÃO EM DESTAQUE
Enfermeira especialista em reabilitação e mestranda em Gestão de Empresas
11/12/2025 08:00

O inverno chega e com ele, a pressão sobre os pulmões e sobre o sistema de saúde. As infeções respiratórias agravam-se: gripe, bronquiolites, crises asmáticas...

Ver todos os artigos

88.8 RJM Rádio Jornal da Madeira RÁDIO 88.8 RJM MADEIRA

Ligue-se às Redes RJM 88.8FM

Emissão Online

Em direto

Ouvir Agora
INQUÉRITO / SONDAGEM

Concorda com a entrega do Prémio Nobel da Paz a Maria Corina Machado?

Enviar Resultados
RJM PODCASTS

Mais Lidas

Últimas