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Artigo de Opinião

Enfermeira especialista em reabilitação e mestranda em Gestão de Empresas

11/12/2025 08:00

O inverno chega e com ele, a pressão sobre os pulmões e sobre o sistema de saúde. As infeções respiratórias agravam-se: gripe, bronquiolites, crises asmáticas e outras complicações tornam-se mais frequentes, sobretudo em idosos e pessoas com doenças crónicas.

Na Madeira, onde o envelhecimento populacional e a proximidade social são marcas fortes, esta época exige mais do que cuidados clínicos. Exige organização, prevenção e comunicação eficaz.

Cuidar em saúde é também saber antecipar. Esta é a base da gestão moderna: preparar respostas antes da urgência, evitar internamentos, reduzir agravamentos. Em saúde pública, a melhor decisão é a que impede o problema de acontecer.

A chamada etiqueta respiratória, tossir para o cotovelo ou para um lenço descartável, higienizar as mãos, usar máscara em situações de risco, ventilar espaços, não é um detalhe. É uma estratégia simples, eficaz e comunitária. Estes comportamentos evitam doenças, protegem famílias e aliviam a sobrecarga dos serviços.

Neste esforço coletivo, a Enfermagem de Reabilitação assume um papel muitas vezes invisível. Reabilitar não é apenas devolver mobilidade, é também treinar a respiração, fortalecer o pulmão, prevenir infeções e apoiar a autonomia, mesmo em condições adversas. Respirar melhor é viver melhor e depender menos do sistema.

Por trás desta capacidade de resposta está a gestão em saúde, que garante que há equipas prontas, prioridades bem definidas e articulação entre níveis de cuidados. A gestão eficaz transforma a prevenção numa prática contínua e não num ideal distante.

E lembra-nos outra verdade essencial: comunicar bem salva-vidas. Uma mensagem clara, um alerta a tempo ou uma campanha bem desenhada pode evitar dezenas de situações graves. Isto é ainda mais urgente numa região insular como a nossa, onde cada agravamento custa mais, cada infeção isolada pode tornar-se uma emergência, e cada atraso pesa mais na logística e na resposta.

É preciso planear no frio o que se protege no calor: vacinar, informar, monitorizar.

A tecnologia pode ser aliada a sensores, algoritmos, telemonitorização, mas continua a haver algo insubstituível: o olhar atento de quem cuida. Na prática, a saúde vive de decisões rápidas e relações humanas. A gestão cria o caminho. O cuidado dá-lhe vida.

Também é preciso lembrar que, em tempos de maior pressão, os profissionais de saúde, sobretudo os que atuam na linha da reabilitação e da prevenção, não podem ser vistos apenas como recursos. São agentes ativos de mudança, capazes de liderar com proximidade, escuta e conhecimento. O seu papel é clínico, mas também social, educativo e organizacional.

Valorizar a saúde respiratória é também promover inclusão. Pessoas que respiram mal sentem-se limitadas, isoladas, vulneráveis. Ao investir na prevenção e reabilitação, investimos na qualidade de vida, na participação ativa da população e na dignidade do envelhecimento. Respirar é condição para viver, mas também para estar presente na sociedade.

E no inverno, mais do que nunca, a saúde começa no ar que se respira e no cuidado que se organiza para o proteger com atenção.

A saúde não é apenas um serviço. É um compromisso social.

Cada cidadão que adota boas práticas respiratórias lidera, mesmo sem saber, um pedaço deste compromisso.

E cada profissional que organiza, educa ou reabilita ajuda a construir uma comunidade mais forte, mais consciente e mais protegida.

Respirar é simples.

Proteger esta simplicidade exige liderança clínica, humana e estratégica.

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11/12/2025 08:00

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