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Educação precisa de uma cultura de rigor, exigência e profissionalismo

Paula Abreu

Jornalista

Data de publicação
09 Maio 2025
11:51

A antiga ministra da educação Maria Lurdes Rodrigues entende que o ensino em Portugal está num ponto estável, no que se refere às infraestruturas e número de alunos, não sendo essencial neste momento reformas estruturais, mas sim uma mudança de cultura, valorizando a exigência, mais compromisso dos diversos atores do sistema de ensino e mais conhecimento.

“Não podemos tomar decisões sem informação, sem avaliação e sem levar a sério a responsabilidade de cada um”, sustentou a atual reitora do Instituto Universitário de Lisboa, em declarações aos jornalistas antes do início do XI Seminário ‘Educação: reflexões e caminhos’, organizado pela Câmara Municipal de Câmara de Lobos, evento em que foi oradora, esta manhã.

Citando Jean Monnet, um dos fundadores da União Europeia – que defendia que ‘Para construir o futuro, temos de agir no presente’ -, a antiga ministra da Educação (2005-2009), entende que, agir no presente requer conhecimento profundo da realidade atual, no sentido de ter mais ferramentas para moldar o futuro da educação.

O que passa também pela importância de ações consequentes e responsáveis por parte de todos os envolvidos na educação – professores, diretores, famílias e tutores. Defende que o sistema necessita de uma cultura de rigor, exigência e profissionalismo. “Sermos mais efetivos no nosso agir, de forma consequente, cada um cumprir a sua missão com o sentido profissional e com o sentido de compromisso com a sociedade, com os alunos, com a direção da escola, quem tutela tem de tutelar, quem ensina tem de ensinar, quem é família de que ter um espaço para o exercício da família na ligação à escola, que cada um cumpra o seu papel com a ambição de fazer bem”, expôs.

“Quando faltam adultos, as crianças isolam-se”

Apesar de considerar, por outro lado, que a Educação está estável e previsível, Maria Lurdes Rodrigues entende que há lacunas, como os níveis de insucesso que ainda são elevados, resultantes de desigualdades e dificuldades de aprendizagem, nomeadamente. “Sabemos que as escolas hoje, tendo sido criadas para resolver a questão da igualdade de oportunidades, não conseguem fazê-lo sozinhas, precisa de recursos adicionais, complementares, e essas escolas muitas vezes têm esses recursos”. A propósito, a responsável criticou a reação passiva dos responsáveis da Educação, a resultados como os do PISA. “É necessário agir de forma consequente, ao invés de apenas comentar os dados”, disse.

Instada sobre os desafios atuais como a digitalização, a escassez de professores e a presença excessiva dos alunos no mundo online, a ex-ministra entende que fazem parte de um cenário educativo em transformação, mas destacou a importância da presença dos adultos no processo educativo. “Os jovens e as crianças no processo educativo precisam de adultos, precisam de tutela, precisam de quem os guie, precisam de quem estabeleça a relação com o mundo, faça a mediação da relação com o mundo. Quando faltam adultos, as crianças isolam-se, as crianças ficam sozinhas, não estão em processo educativo”, afirmou, incluindo nos adultos os pais, professores e tutores.

Desafio de atrair diplomados para o ensino

Sendo público que as escolas têm vindo a perder docentes, Maria Lurdes Rodrigues argumentou que esse não é um problema estrutural, lembrando que o país forma anualmente 83 mil diplomados. A seu ver, o principal desafio que se coloca é atrair profissionais para o ensino, o que passa por oferecer melhores condições de carreira e ajustando os critérios de mobilização.

Por fim, questionada sobre a perceção que tem do ensino regional, a ex-governante considerou que está melhor do que a nível nacional, com menos greves e protestos, admitindo, contudo, que não tem acompanhado de perto o funcionamento das escolas. Comentou que o ensino na Madeira “será mais fácil” do que nos Açores, recordando as dificuldades associadas à pobreza e à distância social e cultural.

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