Manuel Biscoito, Chefe da Divisão de Ciência da Câmara Municipal do Funchal, afirmou que a questão da subida do nível das águas do mar, fruto degelo de glaciares e o aumento da quantidade de água que é posta no oceano, é uma realidade, que está a ser estudada quanto às suas consequências.
Durante a emissão especial do dia da Rádio dedicada às alterações climáticas, Manuel Biscoito referiu que as alterações climáticas tem como consequência o aumento da violência dos fenómenos extremos, ou seja, das tempestades mais violentas do que aquelas que tivemos no passado.
O conservador-chefe do Museu de História Natural do Funchal explicou que “uma pequena alteração do nível do mar de um centímetro ou dois centímetros, associado a marés muito altas, a ventos muito fortes e a ondulação também muito alta, pode fazer entrar o mar pela Ribeira Brava e pelo Paúl do Mar, só não entrará na parte baixa do Funchal, porque o Porto do Funchal dá um abrigo”
Passando para o tema da Biodiversidade, mais concretamente, abordando o mosquito Aedes aegypti, o investigador Manuel biscoito referiu que a introdução dessa espécie indígena na Madeira está relacionada com as alterações climáticas.
“O mosquito Aedes aegypti é um mosquito que é um bastante conhecido vetor da transmissão de vírus. A entrada do mosquito, a sua identificação aconteceu em 2005, essa entrada não pode ser atribuída neste caso a uma alteração climática. À nossa volta é muito distante, a zona mais próxima de nós onde o mosquito Aedes aegypti se encontrava àquela altura é demasiado distante para que ele pudesse ter cá chegado por meios próprios naturais, voando, arrastado pelo vento, ou outra coisa qualquer. Aqui há uma introdução acidental do mosquito vindo eventualmente da América Central com alguma carga”, explicou o investigador.
Manuel Biscoito acrescentou que “se pensarmos à escala global é diferente. O mosquito Aedes aegypti tinha uma área de distribuição típica onde ele é indígena e endémica e essa área tem vindo a se alargar ao longo dos últimos 50 anos, ou seja, começamos a encontrar mosquitos em zonas cada vez mais para norte e mais para sul, ou seja, a sair da faixa mesmo tropical e entrar na faixa temperada aí sim é claramente fruto de uma alteração que se está a dar, obviamente, do clima”