O país precisaria de 100 mil gestores de projetos e tem atualmente cerca de cinco mil. A informação foi prestada esta manhã pelo presidente da Associação Portuguesa de Gestão de Projetos (APOGEP), no encontro ‘Preparar o futuro com a Gestão de Projetos’, que se realiza no auditório da Universidade da Madeira, no Colégio dos Jesuítas.
Pedro Engrácia divulgou que a APOGEP pretende abrir uma delegação na Madeira, dado o crescimento de projetos que se têm notado. O responsável expôs a importância que um gestor de projetos pode ter no desenvolvimento empresarial a vários níveis, uma figura que também pode ser aproveitada pelas entidades públicas, como é o caso da Câmara Municipal do Funchal, representada na sessão de abertura pelo vereador Bruno Pereira.
O autarca, na sua intervenção, referiu que as entidades públicas têm os seus orçamentos alavancados em projetos com fontes de financiamento diferentes, o que significa que é necessário apostar em técnicos especializados na gestão dos mesmos projetos.
Bruno Pereira abordou a dinâmica da autarquia, dando exemplos de programas em curso, como as câmaras com inteligência artificial na gestão do tráfego, com interação com a gestão da mobilidade e dos semáforos; "o novo projeto de implementação de um sistema de controlo de fugas e da pressão da rede de água, associado a um conceito muito grande de telegestão", a gestão dos parques de cargas e descargas com lugares com sensores que informam as empresas se estão ocupados ou não, entre outros.
O vereador da CMF considera que a autarquia está "no bom caminho" na implementação de diversos projetos. "A Câmara tem um papel ativo não só como de incentivar como também é um parceiro ativo, com projetos em curso" e outros a serem implementados. "Queremos aprofundar mais. Temos projetos em vista. Grande parte do nosso trabalho é feita na gestão de projetos", realçou, esclarecendo que o orçamento municipal é insuficiente para alavancar todos, daí que o recurso a apoios comunitários, "ou onde exista financiamento", seja uma necessidade. "Isso exige termos equipas internas de gestão de projetos com conhecimento de todas as técnicas e informação sobre onde os fundos existem".
Ao JM, Bruno Pereira explicou que no âmbito do novo Quadro Comunitário de Apoio, "temos pensado para diversas áreas novos projetos ligados a tecnologia". Sem levantar o véu, apontou ideias que a autarquia pretende implementar na gestão dos recursos, na água, eficiência energética como nos bairros sociais e iluminação pública, na gestão do tráfego e mobilidade, "no atendimento eletrónico menos burocrático e permitindo às pessoas interagir com os serviços a partir de casa (mas mantendo sempre o serviço presencial a pensar nos cidadãos mais velhos)", entre outros.
De referir ainda que o presidente da APOGEP destacou, na sua intervenção, a celeridade que a pandemia veio trazer na organização de eventos, uma vez que muitos dos procedimentos passaram a ser feitos online e não presencialmente. "A pandemia mudou o nosso paradigma. Aquilo que é a aproximação entre as pessoas e o trabalho neste momento é perfeitamente aceite como digital e remoto, algo que há quatro anos não era assim. Esta mudança empurra as organizações a se transformarem, o que se assume como um grande desafio para todos nós", afirmou, acrescentando que "a gestão de projetos pode ajudar muito nisso".
Paula Abreu