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Artigo de Opinião

Gestor do Europe Direct Madeira

22/07/2021 08:01

O anunciado "Green Deal" (Pacto Ecológico Europeu) é um projeto ambicioso que pretende alcançar a neutralidade carbónica na Europa até 2050. Faltando ainda três décadas para essa meta de longo prazo, arriscaria a dizer que o mais certo seria ficar tudo na mesma, mas felizmente houve a lucidez de estabelecer metas intermédias já para 2030, nomeadamente, a redução das emissões poluentes em 55% face aos valores de 1990.

Depois de aprovada a Lei do Clima - uma meta juridicamente vinculativa para se alcançar emissões nulas dos gases com efeito de estufa em 2050, a Comissão Europeia apresentou recentemente um pacote de medidas objetivas ("fit for 55") que representa uma importante etapa rumo à descarbonização, à economia verde e à efetiva proteção do ambiente natural.

As emissões de gases com efeito de estufa do sector dos transportes representam atualmente cerca de 25% do total das emissões da UE mas, ao contrário do que acontece em outros sectores, esse valor parece não querer abrandar. O que não deixa de ser surpreendente, pois até 2050, as emissões dos transportes terão de diminuir 90% (!).

O processo de transição para um sistema de mobilidade mais ecológico e simultaneamente mais tecnológico e inteligente já foi iniciado, mas necessita de ser acelerado, na procura de soluções realistas que permitam assegurar as ligações entre o rural e o urbano e, dentro deste, as muitas deslocações diárias casa-trabalho-casa. Esta transição verde poderá proporcionar novas oportunidades económicas, com claros benefícios ambientais, nomeadamente no que se refere à poluição atmosférica, sonora e até visual que caracterizam muitas das cidades que conhecemos.

Mas estes são tempos novos, onde o "business as usual" deixou de ser o padrão dominante. As metas estão agora perfeitamente identificadas. Por exemplo, no que se refere à frota de automóveis matriculados pela primeira vez, em comparação com 2021, as emissões terão de ser reduzidas de 55% até 2030 e 100% até 2035. Estas metas (ambiciosas) implicarão a instalação de infraestruturas de carregamento elétrico a um ritmo muito mais expressivo, proporcional à frota de veículos elétricos prevista nas estradas da UE que, estima-se, possa alcançar os 30 milhões de automóveis até 2030.

A transição ecológica está já em andamento, mas há desafios a ultrapassar. E saber ler nas entrelinhas é importante: quando recentemente a Comissão Europeia referiu que os novos carros devem emitir zero CO2 até 2035, na prática quis dizer-se que os automóveis com motores de combustão têm um "fim anunciado" (para breve…) e que serão necessárias alternativas à mobilidade individual dos cidadãos. Os elétricos serão a solução ideal em matéria de emissões, mas não deixam de ter particularidades associadas, entre elas, os custos de aquisição que parecem não baixar ao ritmo que os consumidores desejariam, apesar dos significativos avanços tecnológicos e dos incentivos financeiros à sua aquisição. Por outro lado, não resolvem outros problemas crónicos da mobilidade urbana, como por exemplo, a ocupação massiva de espaço.

Em suma, há muito ainda por fazer, a começar pela aceitação que tudo não poderá ficar simplesmente na mesma e que teremos de mudar mentalidades se quisermos ser bem-sucedidos. Criatividade, bom senso e pragmatismo tornam-se, pois, os elementos-chave nas futuras políticas de mobilidade, sem ignorar que o "copy-paste" de modelos importados dificilmente resultarão numa região insular como a nossa.

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