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Artigo de Opinião

BOM DIA ALEGRIA!

4/09/2023 07:50

"Professora, é por isso que eu trabalho sem descontar". Foi esta a conclusão numa conversa de esplanada com antigos alunos meus quando falávamos do que precisávamos para viver bem e felizes. Os requisitos eram: saúde, lazer e dinheiro. E que para ter saúde e lazer era necessário ganhar bem. Na Madeira, trabalhar de forma legal e ter um bom salário BRUTO, quase que não compensa. Não se pode falar em felicidade no trabalho quando a maior parte das pessoas que trabalham são pobres. Neste momento, há situações absurdas como passarmos a receber menos por ganhar mais. Isto porque a maior fatia vai para o sócio que nada fez: o Estado.

Assim, cultivamos o receio de receber mais do que o mínimo legal para não passar a pagar imposto e ser tratado como rico, sem o ser. Como é que um Estado pretende promover o empreendedorismo, o mérito e o bem-estar nas organizações?

Um país onde há mais pessoas a pagar impostos (de valor reduzido e sustentado) é sinal de prosperidade, riqueza e crescimento. Claro, que quando se fala em que seria bom sinal se todos pagassem impostos, quem é mal-intencionado e sente que o seu trono está ameaçado, vai perpetuar que isso é algo mau, que vamos ficar todos a perder. Completamente errado. No sistema que temos, as pessoas que não fazem retenção para o IRS, ou estão isentas de algumas taxas é porque recebem mal. A maior parte dos madeirenses recebe o salário mínimo e sei eu muito bem o que é trabalhar muito e no final do mês pensar: para que é que eu trabalho? Infelizmente, a cultura do medo e subserviência que vivemos em Portugal e, em particular, na Madeira faz-nos acreditar que é melhor não ter grandes ambições, ficar pela "babuginha", jogar pelo seguro e "tar quieto". Vivemos na tendência de que é bom o Estado considerar-nos pobres e passarmos despercebidos.

Lembro-me de não ter direito ao escalão da segurança social, porque o meu salário ultrapassava os 20€. Ora, por receber esses 20€ pagava mais 100€ de creche. Quer dizer que se eu ganhasse menos 20€, poupava 100€. Cheguei a recusar 4 cêntimos de salário porque isso seria o suficiente para aumentar o meu escalão de IRS.

Há 2 anos que sou profissional liberal, os famosos recibos verdes. Quando iniciei esta aventura era olhada com pena. "Vais deixar de receber certinho, sem te chatear, para isso?". Este sistema de trabalhador independente, poderia ser uma rampa para o crescimento, inovação e gerador de riqueza e oportunidade. Acontece que o Estado reprime e penaliza quem se quer lançar por conta própria, quem quer começar devagar e certo, quem quer ditar a suas próprias regras na forma como quer estar no mundo do trabalho. Um dos primeiros alertas foi de que ao ultrapassar os 12.500 € anuais de faturação (não é de rendimento, atenção), passaria a cobrar e a pagar IVA. A conversa é sempre a mesma: "mas não te preocupes que não és tu quem paga, é o cliente". Se esse imposto é assim tão inofensivo porque é tão elevado e está em todo o lado, mais do que uma vez?

Precisamos de empreendedores, de visionários, como também de quem prefere a estabilidade e seguir as regras. Precisamos de todos. Sufocar, afugentar e reprimir nunca será sinónimo de bem-estar numa organização, numa família ou numa sociedade. O melhor será criar as condições para que ganhemos mais, mesmo declarando ao Estado e que isso seja sinal de um país que reconhece e valoriza o sucesso dos cidadãos. Que possamos ser mais e melhor numa terra tão linda como a Madeira.

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