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Artigo de Opinião

Consultor

18/12/2021 08:00

O que o senso comum nos diz é que para prosperar num mundo complexo e cada vez mais exigente, devemos lutar pela excelência e que para a atingir, seja no desporto, música, ciência ou noutra área qualquer, é imperativo especializar-se e bem cedo. Mas se já alguma vez ouviu falar da regra das 10 mil horas para alcançar o sucesso, esqueça o que ouviu. Esta mensagem é perversa. Tornar-se um campeão ou um Nobel não requer uma especialização precoce numa grande variedade de situações. Nos domínios mais gratificantes da vida, os generalistas estão melhor posicionados do que os especialistas para se destacarem.

Rich Karlgaard, editor da revista Forbes e autor de Late Bloomers, argumenta que a obsessão da nossa cultura pela realização precoce nos dissuade de perseguir as nossas paixões. Em vez de termos interesses variados, de estudarmos muito e de investirmos o nosso tempo na nossa autodescoberta, somos encorajados a aceitar testes, a tornarmo-nos especialistas imediatamente e a seguir carreiras seguras, estáveis e lucrativas. Como resultado, a maioria de nós acaba por escolher a excelência profissional em vez da realização pessoal e muitas vezes perdemo-nos no processo. Segundo o jornalista David Epstein, autor de Range, a nossa obsessão pela especialização infiltrou-se no pensamento de pais, educadores e treinadores. Mas a menos que o seu trabalho exija tarefas repetitivas e rotineiras (como no golf, xadrez ou violino), ser um especialista não é necessariamente uma vantagem. Ter uma vasta gama de competências e experiências é mais benéfico porque lhe permite ser ágil e criativo.

Suponha que quer ser um cientista: as provas sugerem que deve esforçar-se por ser versátil ao longo da sua carreira, pois os estudantes que realizaram um conjunto interdisciplinar de cursos de ciências são melhores a pensar analogicamente, os investigadores com combinações de conhecimentos incomuns publicam artigos de maior sucesso e os laureados com o Prémio Nobel da Ciência têm uma probabilidade 22 vezes maior de desenvolver atividades artísticas fora do seu ramo de atividade, do que os seus pares menos reconhecidos.

Numa aproximação grosseira, Sucesso = Talento + Prática + Sorte. Aqueles que são ostentosamente dotados de talento podem considerar fácil singrar em múltiplos domínios. O comum dos mortais, porém, deve apoiar-se fortemente na parte da prática da equação.

Se alguma vez se sentir bloqueado e inseguro, pense em Joanne, uma mulher talentosa e criativa que saltou de emprego em emprego ao longo dos seus vinte anos de carreira profissional, trabalhando como investigadora, secretária e professora de inglês como segunda língua. Sem opção e clinicamente deprimida, ela sentiu-se como um fracasso total. Mas ela pegou nesse sentimento de desespero e usou-o a seu favor. Como não tinha conseguido seguir um caminho padronizado, sentiu-se liberta para fazer o que sempre quis: escrever romances de fantasia para crianças. Como ela relataria mais tarde: "Deixei de fingir para mim mesma que era outra coisa que não aquilo que era". Já deve ter ouvido falar dela. É mais conhecida por J.K. Rowling.


P.S.: Desejo a todos os leitores e colaboradores do JM-Madeira uma excelente quadra natalícia e que nunca desistam dos vossos sonhos!

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