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Artigo de Opinião

Presidente da Académica da Madeira

31/05/2023 08:00

A falta de investimento foi um dos temas mais abordados neste dia, com destaque em todas as intervenções no Colégio dos Jesuítas e com destaque nos cartazes envergados pelos estudantes da UMa, durante esta manifestação. Houve oportunidade de realçar as problemáticas das propinas, do abandono e da desistência escolar, da ação social, da precariedade nos empregos de investigação e da saúde mental dos universitários.

A clara falta de investimento no Ensino Superior prejudica a investigação científica e o normal funcionamento das instituições, quando estas se destacaram no quadro da pandemia pela sua importância na resolução deste flagelo mundial. Várias áreas do conhecimento foram fulcrais no combate à doença e à mitigação das suas consequências, trazendo explicações, modelos de respostas e inovações desenvolvidas em conjunto com o setor privado.

Muitos investigadores e docentes continuam com contratos precários, com a ausência de um vínculo estável que os possa fornecer das dignas condições de trabalho e de vida. Deve ser também garantido um investimento maior no setor, através da abertura de mais vagas para empregos científicos, evitando que os investigadores passem anos dependentes de um ciclo quase interminável de bolsas.

Passando às propinas, a redução do seu valor apresenta-se como uma das políticas académicas mais debatidas. As Instituições devem ser financiadas de forma adequada pelo Governo e as propinas, que representam um financiamento indireto das Universidades, continuam a ser um entrave para o ingresso e à frequência de cursos superiores. A bolsa de estudo, com alto cofinanciamento de fundos europeus, serve parcial ou totalmente para pagar as propinas, tornando-se uma fonte de receita para a instituição e não um apoio ao estudante e ao seu agregado familiar. Continuamos a reivindicar que a fórmula do cálculo da bolsa de estudos não deve ter como valor de referência a propina, ou pelo menos não se deve limitar a esse valor.

Continuamos a sofrer uma pandemia silenciosa. A saúde mental deve ser uma preocupação geral da sociedade e particularmente de toda a comunidade escolar portuguesa, sobretudo das instituições de ensino e investigação que devem criar ou desenvolver espaços próprios, dotados de recursos suficientes, para apoio psicológico à comunidade académica, assegurando uma resposta rápida e adequada a todos os pedidos de ajuda. Da mesma forma como existem indicadores, como o abandono escolar e a desistência, que continuam sem merecer a devida atenção, persistem, em muitos casos, a falta de dados e a transparência nesse campo. A UMa não é exceção no tratamento e no combate deficitário desses flagelos, sofrendo com as consequências da falta de investimento na compreensão e mitigação do fenómeno. Nos primeiros meses do ano letivo 2022-2023, mais de 300 estudantes (quase 10% da nossa comunidade estudantil) abandonaram ou desistiram dos seus estudos.

Um papel ativo das Instituições e do Governo contribuirá para combater os problemas que afastam estudantes das instituições. Porém, com a constante falta de atenção e as tímidas ações por parte da tutela, pouca esperança existe. A manifestação realizada serviu para mostrar o descontentamento dos estudantes, que estão atentos ao comportamento e à desatenção do Ministério face àquele que é o percurso académico dos líderes do futuro.

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