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Artigo de Opinião

Conselheiro das Comunidades - África do Sul

18/12/2021 08:00

Em informação não vale tudo, ignorar ou recusar reconhecer realidades, equivale a dizer que, o cego, é aquele que pode ver, mas não quer. Foi-me difícil resistir ao impulso de gritar com surdos, pois a insistência de perguntas, respondidas e reditas com o intuito de ouvir do entrevistado aquilo que queriam que se dissesse: impacto na comunidade devido à detenção temporária de João Rendeiro, na prisão de Westville, no distrito de Dawncliffe, um dos 243 centros correcionais (prisões) existentes na África do Sul que de momento tem 14.000 reclusos. Em abono da verdade, a detenção do ex-banqueiro não teve repercussões, não foi impactante, foi mais um criminoso entre os 156.000 da população de reclusos no país. Não teve o impacto na comunidade como almejavam. Estes pormenores observados, acabam de cinzelar a noção que tenho, primeiramente, no défice de informação existente e mais gravoso ainda é de que ninguém pensa na transe que a comunidade atravessa na África do Sul, as vicissitudes que passou e continua a passar face a desafios indizíveis que alguns jornalistas visitantes e canais de televisão que me contactaram, desconhecem ou simulam desconhecer como vive e labuta a comunidade num país onde tudo, tudo escorrega de mal para pior, onde a segurança é pura quimera, um país disfuncional, direi mesmo próximo do estado de colapso, nem tudo por culpa do governo mas também da sociedade civil. Ignoraram que os seus compatriotas aqui residentes vivem desalentados, com mal-estar, aflição e sofrimento, uma comunidade que se adestra a coabitar numa sociedade apinhada de delinquentes, que a polícia e os tribunais que são o último reduto de defesa de qualquer cidadão, não conseguem dar resposta.

O impacto foi nas pessoas que se recordam de João Rendeiro pelas piores razões, aquelas lesadas pela atividade criminosa do foragido banqueiro, depletadas das suas economias de anos de trabalho.

Outrossim, ninguém, questionou os 493 homicídios em pessoas da nossa comunidade que sucumbiram às mãos dos agentes da violência criminal, ninguém formulou essa pergunta, nem por que razão as diligentes autoridades diplomáticas se remetem, sistematicamente, ao silêncio conformista ao invés de abordarem as autoridades do país, como as abordaram para a detenção de Rendeiro, inquirindo junto das autoridades competentes no sentido de valer os portugueses vítimas de assaltos, pilhagens e homicídios.

Todos os que visitaram a África do Sul foi meramente pela detenção de um delinquente bancário, poderiam ter aproveitado para se dirigirem à comunidade, ver a desventura em que se encontra o movimento associativo, passear pelos subúrbios de Joanesburgo ou Pretória, dialogar com ONG portuguesas e contemplar a desdita, o malogro que alguns compatriotas caíram e evitar sempre transfigurar a informação que lhes foi exteriorizada.

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