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Artigo de Opinião

Consultor

7/05/2025 08:00

A tecnologia revolucionou a forma como vivemos. Por um lado, oferece grandes comodidades, por outro apresenta enormes desafios. É neste contexto que surge o Tecnostress, termo cunhado por Craig Brod em 1984. O conceito refere-se ao impacto negativo e ao stress induzido por interações crónicas e desreguladas com a tecnologia.

De acordo com a investigação, existem 3 indicadores do Tecnostress a que deve estar atento:

1) Está cronicamente online – um sinal é a compulsão de verificar constantemente os dispositivos digitais. Investigação publicada na revista AIS Transactions on Human-Computer Interaction (2017) evidencia que a necessidade incessante de se manter ligado é indicativa de comportamento viciante. Isto provoca uma sensação de desconforto quando está longe dos dispositivos. Uma das razões é a sobrecarga de informação decorrente da enxurrada de emails, notificações e atualizações de notícias. Isto leva à dificuldade em dar prioridade às tarefas ou concentrar-se. Além disso, com o trabalho remoto, muitas pessoas sentem que estão sempre a trabalhar, resultando em perda de concentração e produtividade, bem como burnout;

2) Está fisicamente sobrecarregado – o tempo excessivo passado no ecrã causa problemas de saúde, incluindo dores de cabeça, cansaço visual, dores no corpo e perturbações nos padrões de sono. Estes sintomas estão frequentemente associados a maus hábitos ergonómicos, à exposição prolongada aos ecrãs e à luz azul emitida pelos dispositivos, que perturba o nosso ritmo circadiano. Também está associado a um aumento da ansiedade e do stress, comprometendo o funcionamento do cérebro e do sistema imunitário;

3) Está a afetar as suas relações – um estudo publicado no jornal BMC Psychology (2020) mostra que uma dependência excessiva da comunicação digital pode isolá-lo fisicamente das pessoas e contribui para sentimentos de solidão. A Síndrome de FOMO, do inglês “Fear of Missing Out”, que significa o medo de perder algo ou de ficar de fora daquilo que se está a passar online, pode levar ao Phubbing – junção dos termos em ingês “Snubbing” (Desprazer) e “Phone” (Telefone) – que consiste no ato de ignorar os nossos entes queridos, dando prioridade aos nossos ecrãs.

Felizmente, ainda é possível socorrer-se da tecnologia sem ficar sobrecarregado com ela. A este propósito, a Forbes (2024) elenca algumas estratégias para gerir o Tecnostress:

1) Estabelecer limites – designe zonas livres de tecnologia e tempos para se desligar e recarregar. Defina horários específicos para verificar o email e as redes sociais e cumpra-os. Utilize filtros e selecione o seu feed para garantir que só vê as informações essenciais;

2) Priorizar as ligações humanas – mantenha um equilíbrio saudável entre as interações online e offline. Encontre-se com os amigos pessoalmente e com regras de não utilização do telemóvel;

3) Detox digital – desligue-se periodicamente dos dispositivos digitais para se restabelecer e rejuvenescer, praticando atividades físicas, passatempos ou simplesmente relaxando;

4) Procurar ajuda profissional – se o Tecnostress o estiver a afetar significativamente, procure um profissional de saúde mental que lhe ofereça orientação/apoio para compreender as suas causas profundas e que lhe forneça mecanismos de resposta para aliviar o seu impacto.

Em suma, a tecnologia oferece grandes oportunidades, mas traz consigo grandes desafios.

Parafraseando Christian Lous Lange: “A tecnologia é um servo útil, mas um mestre perigoso.”

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Coordenadora do Centro de Estudos de Bioética – Pólo Madeira
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