SIMÃO, é uma figura fundamental na Bíblia do Novo Testamento, nasceu em Cafarnaum, na Galileia, e morreu em Roma capital do Império Romano. Nas escavações no porto do mar da Galileia, onde habitava encontrou-se uma grande sinagoga junto da sua casa, porto piscatório semelhante ao de Magdala, sendo estas duas cidades com grande movimento de embarcações, devido à pesca, na zona rica, com peixe fresco e salgado para exportar para os povos vizinhos que, através da Via Maris, chegavam até Roma. Cafarnaum não era uma grande cidade como Séforis ou Cesareia de Filipe, mas também não era uma aldeia pobre e esquecida como Nazaré, era um porto comercial com uma grande frota marítima onde o imperador Vespasiano no ano 59 teve de enfrentar uma batalha no lago contra o povo judeu.

Os primeiros apóstolos da zona do lago, diríamos hoje que viviam numa zona industrial, não pertenciam a uma categoria modesta de trabalhadores. O senhor Zebedeu, pai de dois filhos, Tiago e João, tinha outros trabalhadores à sua conta. Eram pessoas com responsabilidades e relativamente instruídos, com boa cultura religiosa.

Jesus deixou Nazaré, meio rural e modesto, para viver em Cafarnaum, cidade de ambiente marítimo. As parábolas de Jesus referem-se ao mundo rural e agrícola, não marítimo. Contudo Jesus ama o lago e os pescadores, com toda a sua beleza, planícies e montanhas, das margens do lago até às neves no monte Hermon. Jesus prefere navegar no lago, por vezes em pequenas distâncias onde podia andar a pé, mesmo quando o mar está agitado pelo vento, o Mestre dorme tranquilo no barco de Pedro!

Entre os discípulos de Jesus há dois grupos, quatro discípulos são do mundo marítimo, os outros de Nazaré e da Judeia.

Não se pode compreender Jesus sem João Batista, ele formou um grupo que atraiu até os galileus como Pedro, André e João filhos de Zebedeu.

Este movimento continuou durante o primeiro século, São Paulo encontrou-o em Éfeso (At.Ap.19,3). A escola de Jesus deriva da do Batista da qual provem também a de Simão Pedro. Em Cesareia de Filipe, onde nasce o rio Jordão, não longe de Cafarnaum, Simão recebeu um nome novo que corresponde a uma missão nova, este nome surpreende-nos,

Pedro vem de pedra, rochedo, que é um nome divino, é um nome que na religião judia corresponde e designa claramente Deus. Como se pode dar a um homem o nome de Deus? Jesus é a rocha, Jesus deu a Simão um nome que só a Ele pertence. Em Cesareia de Filipe, Jesus pergunta aos discípulos quem era Ele, Cefas responde: "Tu és o Cristo, o filho de Deus vivo". Jesus respondeu-lhe: "Bem-aventurado és tu, Simão, filho de Jonas porque não foi carne ou sangue que te revelaram isso, mas sim o meu Pai que está nos céus. Também eu te digo que tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno nunca prevalecerão contra ela" (Mt.16,15-18). A passagem do nome Simão a Cefas tornou-se uma realidade e foi reconhecida até por São Paulo, que a liturgia romana celebra no mesmo dia, a 29 de junho, Simão tem uma autoridade própria, um nome novo em aramaico. Jesus apresenta-se como "Filho do Homem", Sofredor e Messias, estes nomes surpreendem, "Filho do Homem" pode ser uma pessoa qualquer e, por outro lado, uma pessoa que tem um estatuto divino. São João escreve: "Vós sois deuses" (Jo.10,34).

"Eu vos farei pescadores de homens" (Mc. 1,17), é uma imagem chocante que os Padres da Igreja durante três séculos não a citaram, quem pesca mata, Jesus pesca com o seu carisma, com a palavra de Deus, mas não deita as redes. Simão está presente em todo o Novo Testamento, é um apóstolo ao estilo de Jesus, embora tendo contacto com os outros. Os Atos dos Apóstolos mostram que Pedro e Paulo combatem a mesma batalha, são inseparáveis. Apesar de algumas divergências, Paulo está convencido que deve estar sempre com Pedro. O primado de Cefas está baseado na sua confissão de fé em Cesareia de Filipe e nas palavras de Jesus: "Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja" (Mt. 16,18).