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Artigo de Opinião

15/08/2023 06:00

Neste caso, será o ato de começar a escrever uma página em branco sem saber qual será o fim, ou até, qual seria a mensagem inicial. Por vezes, como já deve de ter reparado, começo a escrever sem um tema em mente, penso que isso, na maioria dos casos, surge por uma falta de empenho da minha parte em preocupar-me com as coisas, os assuntos, as notícias, à minha volta, e remeto-me a simplesmente replicar o que cérebro comanda aos dedos datilografar. É um exercício que, posteriormente, acaba por levar ao mesmo sítio, as preocupações da condição humana sobre viver, e o que acabamos por estar aqui a fazer.

É sempre nestes momentos que me descubro um bocadinho, quando enfrento a realidade que às tantas, não sou alguém melhor que o leitor para estar aqui a escrever, que acabo por me sentir deslocado no meio de tantos cronistas, opinadores, colunistas, que ladeiam-me nestas páginas a defenderem as suas donzelas vestidas de laranja, rosa, azul, verde ou vermelho, encarnado é aquela palavra que foi usada durante anos para camuflar o realidade. O meu propósito será talvez esse, não estar associado a nada, ser o soldado que marcha na direção contrária ao abismo que nos rodeia, quando o resto insiste em dar o passo em frente, e é com isso que tenho de lidar, que tenho de perceber que por vezes faz bem parar, e voltar à verdadeira essência, aos problemas que atormentam todos nós, aqueles existenciais que todos voltam a cara com medo de os enfrentar, que até eu próprio tento socorrer-me aos niilistas, nunca leiam Dostoevsky, ou então leiam, para aceitar que é inútil procurar significado das coisas, pois ele não existe, o problema é que a vida, em si, é uma coisa, logo não existe significado para ela, Nietzsche era tramado. Ou então entrar no absurdo como Satre e Camus, mas deverá haver algum significado para isto tudo, ou talvez não…

Na realidade, não sei. Só sei que com o passar do tempo estou a ficar velho, as penugens brancas começam a ficar cada vez mais prenunciadas na minha barba, as rugas começam a aparecer, e a paciência para tentar compreender o mundo também, vou-me socorrer à filosofia, essa ao menos não fingi que vai ajudar alguma coisa.

Ah, e como eu tenho saudades de não ter uma cidade esburacada.

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