MADEIRA Meteorologia

Artigo de Opinião

Professor

16/01/2023 07:00

São óbvias as razões da sua estadia ou passagem massiva pela Madeira. O custo de vida, a segurança, a qualidade dos serviços públicos, a facilidade do acesso aéreo, o preço da permanência na ilha, são ingredientes que estão a fazer crescer a atratividade da nossa região. Os ventos perigosos de leste parecem estar a empurrá-los para cá. Estão a encher casas outrora desabitadas, a comprar novos alojamentos. São aos milhares os que passam horas nas montanhas, no mar, enchendo e até engarrafando os conhecidos trilhos, passeios e levadas.

Há os turistas, os refugiados, os regressados da Venezuela e seus familiares e amigos. Há uma onda de jovens em alojamento local e há os nómadas digitais. São muitos e de variados quadrantes os que se cruzam connosco nas ruas e estabelecimentos da cidade. Para além das línguas familiares que se ouviam pelos hotéis e pensões, o inglês, o francês ou o alemão, há uma panóplia de tonalidades linguísticas da Europa de leste que se vão cruzando com o acalorado castelhano que por sua vez se deixa abafar pela crescente comunidade de falantes do português do Brasil.

Vantagens. Sim, a vantagem de vivermos em ambiente cosmopolita, plural, livre, aberto para o mundo ocidental, próspero e moderno. A vantagem de podermos acolher em harmonia os que nos procuram. Uma espécie de recompensa pela aceitação secular da nossa diáspora pelo mundo fora. E, sobretudo, a vantagem de aprendermos, sem sair da ilha, com outros povos, acrescentando mundo ao nosso pequeno mundo. Desde sempre tínhamos de emigrar para crescer mais depressa. Agora, se quisermos aproveitar, há novas mundividências na nossa cidade, na nossa rua, até perto do nosso quintal.

Porém, não há bela sem senão. Toda esta pressão vinda do exterior vem acrescentar alguma inflação em sectores cruciais para a vida dos madeirenses. Com o preço das habitações à cabeça. Comprar ou arrendar casa está a tornar-se insuportável para o fraco rendimento de muitos jovens madeirenses. Ao que se junta os juros galopantes. As casas são para alojamento turístico. Os apartamentos são comprados a preços até agora impensáveis. A construção de novas moradias para habitação própria subiu para valores disparatados.

Sendo assim, temos reformados estrangeiros, sobretudo europeus, temos nómadas digitais e milhares de jovens turistas em alojamento local. O que é aparentemente bom. O problema são os nossos jovens casais. Como encontrar casa e a que preço. E onde? Porventura poderá haver, como está previsto, alguma intervenção do governo e das autarquias na construção de habitação a preços moderados. Mas, a este ritmo, talvez não seja suficiente.

Por isso, como poderão os fracos ordenados madeirenses competir com esta nova realidade? Estarão os nossos jovens condenados à emigração? E os que andam por esse mundo poderão regressar? Logo agora que parece ser tão bom viver na Madeira.

Sobretudo em Machico, onde até o vento deixou de chatear neste inverno. E o aeroporto agradece.

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