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Artigo de Opinião

Gestora de Projetos Comunitários

7/05/2022 08:00

Estamos todos (incluindo jovens) chocados. Não se trata de uso de linguagem sexualmente explícita (que, de per si, já é bastante revelador da sociedade que nos permitimos ter), trata-se de sexo praticado na via pública entre jovens [incautos, certamente, que não consideraram as consequências dos seus atos].

Infelizmente, vídeos de relações sexuais em locais públicos não são um fenómeno novo. Nem é novo que se tornem virais. Não é "loucura de adolescente", é simplesmente ofensivo.

Parece fácil falar, julgar. Mas não é. A minha geração [Geração Y, Millennials, Xennials, 'nativos digitais', ...] ficou cunhada como a 'Geração Rasca', por alguém ter mostrado o traseiro a um Ministro e o falo à então Ministra da Educação [Manuela Ferreira Leite]. É ofensivo, sem dúvida, tal como o fenómeno que grassa no Funchal. Lá está, "no meu tempo não havia nada disto" já se aplicava à minha Geração, mas havia consequências para este tipo de atos.

O que parece acontecer agora é uma falta de noção dos limites, de indefinição sobre o que é certo e o que é errado, onde a indiferença e a permissividade com que estes atos passam, demasiadas vezes, impunes. E isto aplica-se a quem pratica estes atos totalmente repudiáveis, como a quem os filma, aplaude e publica. Quem filma não é assim tão diferente de quem pratica. Não há consciência das repercussões? Esta sensação de gratificação imediata que alguns encontram ao publicar vídeos deste tipo tem que ter consequências.

Importa, ainda assim, separar o trigo do joio. Não é por existirem exemplos destes nas nossas ruas, que todos os nossos jovens têm de ser catalogados como "perdidos" ou "sem vergonha". Os casos que refiro são casos muito concretos. E não podem limitar os direitos dos jovens enquanto cidadãos e seres humanos.

Continuamos a sentir que devemos esperar mais dos jovens, quando a sociedade, a família e o próprio sistema falham continuamente para com estes.

Esta é uma boa oportunidade para refletirmos sobre a cidade, a região, o país e o mundo que estamos a construir e que vamos deixar aos nossos filhos.

Não há gerações "perdidas", mas há quem se perca numa geração porque lhes dão tudo sem lhes pedir nada em troca, fazendo-os crer que o mundo será tão permissivo quanto os seus pais. Ou, talvez, pura e simplesmente, nenhum valor moral seja mais permeável do que a decência.

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