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Artigo de Opinião

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17/12/2022 08:00

É por isso que a luta pela igualdade continua - porque os nossos direitos são como a democracia, frágeis, e não estão garantidos. É também por isso que temos de ser capazes de reconhecer o mérito e empenho de todos aqueles que lutam por esta causa (sejam mulheres, homens, ou outros), porque não se trata apenas dos direitos das mulheres. Trata-se dos direitos de todas as minorias, dos direitos de todos e cada um de nós.

O preconceito não é um fenómeno recente. Darwin, no volume II de "A Origem do Homem", publicado em 1871, assumia o homem como mais "poderoso em corpo e em mente que a mulher". Porquanto, a ideia de que o homem é superior à mulher é amplamente aceite há séculos.

A substituição intergeracional, as mudanças geográficas, o acesso à educação, os fluxos migratórios que marcaram as últimas décadas, tal como teorizou R. Inglehart (2019), possibilitaram uma revolução silenciosa que nos permitiu estar mais perto da igualdade de género. Mas nada está garantido.

Malala Yousafzai disse, em tempos, que nós [mulheres] só percebemos a importância da nossa voz quando somos silenciadas. Infelizmente, muitas de nós acreditamos que somos inferiores, mais do que acreditamos que somos importantes ou que temos direito a ter voz e a sermos ouvidas.

Isso ainda acontece porque não raras vezes somos confrontadas, no nosso dia-a-dia com comentários que parecem 'normais', mas repletos de preconceito, e.g. "Ena pá, uma sala cheia de mulheres a ver o futebol!" ou "Vocês [mulheres] sabem que há categorias profissionais nas quais vocês não podem estar incluídas porque vocês, no fundo, são frágeis; é para vos proteger!". Para que não restem dúvidas, não estou a ser criativa com estas frases, estas frases foram efetivamente proferidas em voz alta.

O que me leva a considerar que será necessário que todos insistamos naquilo que é a normalização do papel da mulher na sociedade e em esclarecer, de uma vez por todas, que a luta pela igualdade das mulheres não se resume a "fazermos as mesmas coisas", mas a termos o mesmo direito à escolha. É isto que a maior parte das pessoas teima em ignorar: quando se fala em igualdade de género, em igualdade de direitos, é igualdade no direito à escolha. Os subterfúgios de muitos, que procuram esconder o seu preconceito por detrás de um "estou a brincar", têm de ser combatidos. Nós [mulheres] não precisamos de ser protegidas - protegidas devem ser as vítimas (e poucas vezes o são). Nós somos sobreviventes num mundo ainda demasiado machista. E devemos orgulhar-nos disso.

P.S.- Quero aproveitar esta oportunidade para vos desejar a todos um Santo e Feliz Natal.

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