MADEIRA Meteorologia

Artigo de Opinião

Farmacêutico Especialista

15/10/2021 08:01

Concretizando, no Outono , este "intermezzo" entre o Verão e o Inverno, ocorre uma miríade de coisas, é o regresso à escola, são os dias mais curtos, é a temperatura a descer, são as árvores a ganhar o seu tom vermelho acastanhado e laranja quente, é aquele Sol quente e baixo no horizonte a inundar a nossa face, cortado por uma brisa fria, que nos toca o rosto, são os casacos que saem à rua, são as folhas que caem ao chão, são as castanhas assadas na rua, é o sentir e saber a vinda do frio e da chuva, mas perder-se no agora, no conforto, se quisermos na sensação de um invencível conforto!

O Outono é uma afirmação, não é um mero prenúncio do Inverno, nem uma simples fase de transição, eu acredito que, tal como como na teoria da recapitulação, em que a ontogenia recapitula a filogenia (de uma forma simplista, as fases do desenvolvimento embrionário recapitulam ou revelam a história evolucionária das espécies), as estações do ano revelam o nosso percurso vivencial, numa observação metafísica se quisermos ontológica.

Albert Camus diz que, "o Outono é uma segunda Primavera em que cada folha é uma flor", aludindo exactamente a esta metáfora existencial! É a máscara da beleza para enganar a chegada ao fim, é a Vitória reconfortante e possível!

Na observação de Camus, existe subjacente uma conotação pejorativa, de engano, de época de falsidade, de uma ilusão quase comiserativa para com a nossa vida, que confesso não me rever em todo. Eu acredito em honestidade, que o Outono vivencial é uma época de conforto quente de beleza natural, não se tratando de nenhuma ilusão mas realidade, representa a vitória da maturidade e como tal consciência de realidade, isto é, o assumir o fim como certo e releva-lo, aproveitando todo o potencial que ainda existe, exaltando-o. É uma segunda oportunidade que nos proporcionamos, e não será a vida um percurso de oportunidades!? Umas perdidas, umas conquistadas, outras criadas. A maturidade permite não deambular nas que ficaram para trás, permite criar oportunidades e aproveitar outras e quiçá consciente ou inconscientemente deixar passar algumas. É, portanto, confortável, sentir o presente e vivê-lo, e saber o passado imutável, é este caminho de Paz existencial que permite realmente esta segunda Primavera, esta sem ilusões, sem falsas expectativas, mas ainda com muita esperança.

Reside num balanço vivencial, como advoga Lúcio Séneca, o encontro da Paz e do caminho, e o Outono da vida, surge inundado num invencível conforto, de quem tem certezas das incertezas da Vida, e que só seguindo o Caminho do Bem a Vida se concretiza, mas tal como a época outonal, não sendo um prenúncio de Inverno, não o deixa também de o conscientemente ser!

Neste Outono siga o Caminho do Bem, pare para refletir um pouco sobre a Vida, aproveite tudo o que a época tem para lhe dar, e dê tudo o que a fase da vida lhe permite oferecer.

OPINIÃO EM DESTAQUE
Coordenadora do Centro de Estudos de Bioética – Pólo Madeira
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Há uma dor estranha, quase impossível de explicar, que nasce quando alguém que amamos continua aqui... mas, aos poucos, deixa de estar. Não há funerais,...

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