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Artigo de Opinião

Coordenadora do Centro de Estudos de Bioética – Pólo Madeira

2/09/2021 08:01

Após a tomada do poder pelos talibãs, muitas pessoas perderam as suas vidas, foram detonados explosivos junto ao Aeroporto de Cabul e o pânico instalou-se. Tememos pelo que possa acontecer ao povo afegão, em particular, às mulheres e às crianças, por serem a parte mais vulnerável e as principais vítimas da Sharia, a lei islâmica. Segundo a interpretação extremista daquela lei, as mulheres não podem trabalhar fora de casa; não podem sair de casa sem estarem acompanhadas pelo marido ou um parente, homem; não podem frequentar a escola; não podem ir à janela ou à varanda de casa para não serem vistas; a voz ou os passos da mulher não podem ser ouvidos em público; não podem rir; são obrigadas a usar burca; não podem usar cosméticos; entre outras proibições completamente absurdas.

Numa tentativa de apresentar uma imagem mais pacifica e compreensiva, os talibãs afirmaram que deixariam as mulheres trabalhar, segundo os princípios do Islão, que a burca deixaria de ser obrigatória, que as mulheres estavam autorizadas a estudar nas universidades e que as escolas para as meninas permaneceriam abertas. Estas afirmações não convencem a comunidade internacional, nem os próprios afegãos, que já viram muitos dos seus direitos limitados. As estudantes universitárias foram aconselhadas a não frequentarem as faculdades, as mulheres foram forçadas a abandonar os seus trabalhos, a violência continua a aumentar, há relatos de recrutamento de crianças por grupos armados e de corte nas comunicações, o que dificulta, em parte, as denúncias de violação de direitos fundamentais.

Não podemos ficar indiferentes ao sofrimento alheio, nem muito menos permitir um retrocesso civilizacional. A comunidade internacional deve de agir, de forma a garantir o respeito pelos direitos humanos e a proteção dos direitos das mulheres e das crianças. E nós, portugueses, não podemos esquecer o povo afegão. Até ao momento, Portugal já acolheu cerca de oitenta refugiados afegãos. Estas pessoas chegam exaustas, trazem consigo poucas coisas ou praticamente nada, procuram paz e estabilidade. Acredito que, todos juntos saberemos acolher, integrar e amenizar a dor destas pessoas.

No mês que se celebra o Dia Internacional da Paz e da Caridade, recordo as palavras sábias da Madre Teresa de Calcutá, uma referência de bondade e de entrega ao próximo: Espalhe amor onde quer que vá. Nunca deixe ninguém vir a si sem o deixar mais feliz.

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