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Artigo de Opinião

Farmacêutico Especialista

13/11/2021 08:01

Este planeta especial, que comporta a Vida como a conhecemos e concebemos, é de facto singular, belo, rico, se quisermos único.

Funda a sua riqueza na diversidade cultural, nos costumes adaptados à realidade geográfica, às particularidades dos povos, à sua história e evolução, e no respeito dos mesmos pela Natureza, no fundo fazer parte da Terra e senti-la!

É toda esta diversidade cultural, que nos orgulha, e nos desperta curiosidade, a mesma que nos impele a viajar, conhecer estes mundos dentro do nosso Mundo.

Reside também nesta diferença, um dos segredos da durabilidade do Homem, não só a sua inteligência e capacidade de raciocínio, mas também a sobrevivência dos mais aptos ocorre apenas com a diferença!

A observação sempre em voga, do mundo global, sem fronteiras, sem barreiras, em igualdade, roubaria sem qualquer sombra de dúvida a riqueza do planeta, seríamos todos iguais, fruto de uma miscigenação física e cultural, mas por outro lado seria ele um factor de demonstração de humanidade inequívoca caso estivesse vinculada ao conceito que se preconiza de equidade.

Quando Sócrates afirma "Não sou ateniense, nem grego, sou um cidadão do mundo", está a demonstrar sentir-se parte deste mundo, é ele a não ter barreiras interiores para com o Mundo, é sentir sempre este mundo como casa e rever-se na riqueza assente na diversidade, de raças credos, etnias, línguas.

É esta a preocupação global e visão do Homem uno no plano existencial, assente em equidade, que nos deve mobilizar.

Neste momento, assiste-se de forma impávida e com uma serenidade gritante, à divisão do mundo, em ricos e pobres, a pandemia que nos deveria unir, enquanto desígnio global e que só será vencida quando ocorrer essa união e visão estratégica racional, nunca tanto nos separou.

Não é só por uma questão de justiça, equidade, mas também de racional científico.

Por um lado, temos países a administrar a 3ª dose de vacina SARS-CoV-2, e um número substancial de países sem vacina disponível e muitas vezes sem estratégia de vacinação implementada, observemos os números:

52 dos países mais pobres representam neste momento 4.7% das vacinas administradas, e, no entanto, representam 20,5% da população mundial. A Índia apresenta neste momento 24.8% de cobertura vacinal e representa 17.7% da população mundial. Por exemplo em África temos um número elevado de países com menos de 1% de vacinação, Uganda 0,9%, Guiné Bissau 0,8%, Madagáscar 0,7%, Camarões 0,6%, Sudão do Sul 0,5%, Chade 0.4%, República Democrática do Congo <0,1%, Burundi <0,1%, (fonte-Covid 19 Vaccination tracker 22h43m 06-11-2021) representando um Universo de 231 milhões de habitantes.

A Organização Mundial de Saúde, criou o documento "Strategy to Achieve Global Covid-19 Vaccination by mid-2022", que preconiza uma estratégia de implementação global (a única forma eficaz de acabar com a pandemia), por forma a atingir de cobertura vacinal em cada país, 10% em Setembro de 2021, (56 países não atingiram esta meta), 40% no final de Dezembro de 2021, e finalmente em meados de 2022, 70% de cobertura vacinal.

A falta de visão estratégica global supra estados, demonstra um pouco a falácia que vivemos quando afirmamos ser cidadãos do Mundo.

Como consequência deste egoísmo latente, e falta de equidade, estamos a protelar o fim da pandemia, "A pandemia vai acabar quando o mundo decidir acabar com ela. Está nas nossas mãos, temos todas as ferramentas de que precisamos", Tedros Adhanom Ghebreyesus, Director-Geral da OMS.

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