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Artigo de Opinião

Gestora de Projetos Comunitários

11/03/2023 08:00

Sempre que se aproxima o Dia Internacional da Mulher, surgem campanhas de marketing a vender tudo o que possa ser associado ao conceito de "mulher". É dia de jantares, de flores, de prendas, e de tantas outras coisas que não vale a pena aqui detalhar.

Infelizmente, o que pouco se retrata neste dia é precisamente o que é ser mulher numa sociedade que teima em fugir à igualdade.

Há momentos para palestras, debates, encontros e outros tipos de discussão sobre os desafios da igualdade, mas não se comparam ao volume de ofertas para celebrar o dia sem atentarmos ao real significado deste dia. A padronização de género, onde se procura associar o "Dia Internacional da Mulher" a iniciativas lascivas (logo, redutoras) é o maior perigo que enfrentamos nos dias que correm. Ainda assim, todas as mulheres que queiram celebrar este dia, podem e devem fazê-lo da forma que as faça sentir melhor - mas, atente-se, neste dia e em todos os outros.

O Dia Internacional da Mulher é, hoje, um marco comemorativo das conquistas sociais, políticas e económicas que as mulheres conquistaram no passado e continuam a conquistar, todos os dias. Simboliza a luta histórica de todas as mulheres pela igualdade de direitos e oportunidades. Chegámos a presidentes, líderes, exemplos internacionais, mas continuamos a ser preconceituosamente diferenciadas - veja-se o caso de Jacinda Ardern.

Continuo a insistir: isto não significa que queremos que a mulher seja igual ao homem, nem o oposto se aplica. O que a sociedade tem que garantir é o direito à escolha em igualdade para ambos os sexos.

Ainda que a questão da desigualdade entre homens e mulheres se esteja a resolver porque a lei assim o determina, a lei não resolve tudo o que acontece nas nossas vidas (quer na esfera pública, quer privada).

Certo é que, 48 anos depois da proclamação deste Dia pela ONU, e apesar da lista de conquistas ser vasta, a luta pela igualdade de direitos e oportunidades está longe do seu fim.

Apesar de estarmos a consagrar, a cada dia que passa, a participação plena da mulher na sociedade, estamos muito longe da igualdade. O caminho à frente é ainda demasiado longo para marcarmos o 08 de março com celebrações lascivas. Este dia deve relembrar-nos a todos, enquanto sociedade, da necessidade de um esforço coletivo capaz de promover a mudança de paradigma social, onde a participação deve ser reservada aos melhores, independentemente do seu género, etnia, raça, crença ou religião. O caminho à frente exige que mulheres e homens tenham o direito às mesmas oportunidades em todas as áreas, beneficiando das mesmas condições em tudo o que fazem, seja no acesso à educação ou nas oportunidades que surjam nas suas carreiras profissionais.

Esta mudança não pode ser imposta, tem de ser reconhecida. As diferenças entre géneros, raças, crenças e religiões, têm de ser reconhecidas como o alicerce da defesa da igualdade, da equidade. A perspetiva da discriminação e marginalização das minorias não pode continuar a ser uma realidade para nós, ou para os nossos filhos. Por isso, agradeço as campanhas de marketing, as flores e todos os espectáculos "Chippendales" que marcam este dia, mas eu, pessoalmente, prefiro respeito.

OPINIÃO EM DESTAQUE
Coordenadora do Centro de Estudos de Bioética – Pólo Madeira
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