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Artigo de Opinião

Diretor

30/12/2023 08:05

Faz algum sentido chegar ao fim de uma etapa, de um caminho e olhar para trás. Perceber o que aconteceu, fazer o balanço entre o bom e o mau. Compreender o que poderia ter sido melhor ou pior.

Mas essa análise só deve servir para ajudar a olhar para a frente. Mais do que perder tempo com o tempo perdido em 2023, importa fazer cumprir 2024.

O que fica, então, de 2023?

Fica um pouco de tudo. De bom, razoável, insuficiente e mau. Seguimos essa ordem (deixando muito para trás).

De bom, fica o brutal aumento de turistas. Eles estão cada vez mais no meio de nós. E são diferentes do que eram. São muito mais novos, trocam os hotéis pelas serras, as piscinas pelas estradas. Alugam carros que estacionam como bicicletas a um canto do passeio.

São um problema. Mas, para já, são um bom problema.

Com eles vieram, além de carros como nunca se viu, alojamentos locais como nunca se imaginou. O parque hoteleiro está distorcido, o limite de camas está todo torcido. Em cada prédio, em cada localidade, em cada esquina há um espaço com AL pregado à coluna da porta e há vizinhos que falam inglês e outras línguas.

Mas, com eles, há famílias inteiras a fugir à crise e a fazer riqueza com imóveis que estavam fechados e a reabilitar património edificado. Claro que também alteram as regras do mercado de arrendamento, que não existe porque é mais lucrativo fazer alojamento.

É um problema. Mas, para já, é um bom problema.

Fica o anúncio de uma comunidade terapêutica que estava encalhada há décadas. E agora, de repente, parece tudo muito simples, sem que o seja.

De razoável, fica um ano de intensa atividade política regional marcado por mais uma minoria que obrigou a uma nova geringonça à direita. O pequeno PAN senta-se agora à mesa do poder e garante aos partidos do governo o hino que lhes anuncia “paz, pão, povo e liberdade”.

Fica a Jornada Mundial da Juventude, que trouxe o Papa Francisco a Lisboa e com ele milhares de jovens crentes de todo o mundo. E rezaram e festejaram e viveram a fé. Todos, todos, todos.

De insuficiente, fica a experiência do cabaz IVA Zero, assim em jeito de ensaio de medidas para pobres. A ideia era boa, mas o resultado ficou longe.

Fica a intenção dos investimentos da Lidl, que animaram o debate político, mas desanimaram os potenciais clientes.

Fica a forma como a Região teve de ultrapassar um inesperado ciberataque ao Serviço de Saúde, que nos mostrou novo foco de fragilidades públicas e privadas. E é bom lembrar que ninguém está livre.

Fica o sofrimento de famílias tocadas pelo infortúnio que lhes bateu à porta com drogas bastante lesivas e muito simples de adquirir na Madeira. Um drama. Outro de que ninguém está livre.

Fica a permanência de casos de violência doméstica, de julgamentos, de ameaças (muitas delas cumpridas).

Fica a incapacidade de antecipar o tempo que nos levou alterações climáticas portas adentro. Já não é coisa dos outros, já não são teorias de cientistas nem ideias de ambientalistas: as alterações existem e provocaram, neste cantinho do céu, incêndios em outubro e violentas chuvas em junho.

De mau, fica um ano de má memória para o Marítimo, que deu um passo atrás na história.

Fica a crise política nacional enrolada numa aparente crise da justiça e dos partidos, o desinteresse dos portugueses e o ruído do Presidente-comentador.

Fica a inflação que nos leva a classe média e cava maiores desigualdades.

Ficam as consequências terríveis que já vinham da invasão da Rússia na Ucrânia, a que se junta agora o inaceitável conflito entre Israel e o Hamas.

No fim das contas, fica um ano como outros. Com altos e baixos, como é a vida real.

Agora que olhámos para trás, resta tomar balanço e seguir em frente.

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