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Artigo de Opinião

Diretor

31/12/2022 08:05

Apenas três anos depois de uma pandemia que virou o País do avesso, Portugal dá a volta por baixo e regressa ao que sempre foi.

O País - e a Região também - vivem hoje momentos de estranha exaltação. De uma alegria sem fim. De um contentamento feito de conquistas ainda por confirmar. Vivemos como se tudo estivesse resolvido e agora é que vai ser.

Somam-se recordes do melhor período disto e daquilo. Compara-se 2022 com 2019 e parece que a crise já passou. (Mas não se comparam os preços, nem a inflação, nem os salários, nem os impostos).

Olhamos para os milhões do inventado Plano de Recuperação e Resiliência e gastamos o que temos e o que não temos também. Empurramos as faturas que alguém as vai pagar.

Os governantes fazem contas de sumir.

Os mais carenciados fazem contas de subtrair.

A classe média e as empresas esforçam-se por não deixar o País cair nem a Região falir.

Já era assim antes da pandemia. De certa forma, também foi assim durante a pandemia. E vai ser assim depois.

O ciclo completa-se com este regresso ao que fomos e somos. É o velho normal a instalar-se com todo o seu esplendor, todo o seu poder.

Em vez de aproveitarmos a oportunidade de aprender alguma coisa com uma grave crise sanitária em simultâneo com uma guerra e uma inflação galopante, não! O que fazemos é continuar como se nada fosse.

Somam-se os apoios a rodos. Há subsídios duplicados. Há ajudas em triplicado ou até mais. Cresce a cultura da gratuitidade. Da facilidade. Da leviandade.

Temos prioridades trocadas. Opções erradas e de duvidosa legalidade. E até temos instituições sem qualquer legitimidade política mais valorizadas do que as estruturas base do poder local. Basta comparar as casas do povo com as juntas de freguesia.

Ao mesmo tempo, as Instituições Particulares de Solidariedade Social e as associações disto e daquilo crescem como feiteira verde durante uns dias de chuva.

Temos tudo isso com força renovada. Aí sim, este velho normal bate recordes insuflados por dinheiro que deveria ser distribuído com mais cuidado.

E a crise política nacional é outro elemento que vem confirmar o regresso ao passado. Depois de anos com um governo apertado pela geringonça, passámos à maioria absoluta e à rédea solta. Nasceu aí o forrobodó que se tem visto.

Não há mês que não saia um ministro, um secretário de Estado, um alto dirigente da administração pública. Somam-se os escândalos, as pequenas e as grandes mentiras. E agora isto, das grandes indemnizações atribuídas por nada.

Que a mudança de ano traga algum tino a quem nos governa. Que os ilumine e os faça entender que o mundo não acaba na semana a seguir. Que é preciso estratégia, rumo, caminho. Que governar é muito mais do que dar.

Entretanto, a sociedade segue o seu caminho para lado nenhum. Esboçam-se umas críticas, fazem-se uns comentários, de preferência anónimos, e prometemos que depois é que vai ser. E depois volta a ser tudo igual. Porque depois o Benfica ganha, o Euromilhões vem para Portugal, sai-nos um raspa de 10 euros, morre o Pelé e vem o Fim do Ano e o Santo Amaro. São Festas!

Foi assim antes da pandemia. Foi quase assim durante a pandemia. E vai ser assim a seguir.

Definitivamente, não aprendemos nada.

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