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Artigo de Opinião

Gestora de Projetos Comunitários

8/03/2025 08:00

Hoje celebra-se o Dia Internacional da Mulher. Este Dia simboliza uma luta histórica e contínua pelos direitos das mulheres, pela igualdade de oportunidades. É um momento de reflexão sobre as conquistas alcançadas e os desafios que continuam a persistir em pleno século XXI, logo, deve transcender as festividades fúteis reduzidas a jantares e convívios que não mudam o que ainda é necessário mudar.

É preciso respeitar a história. Respeitar a luta e reivindicações femininas que remontam ao século XX, com origem na mobilização operária e na luta pelos direitos políticos e laborais das mulheres. Respeitar a luta das mulheres que, em 1908, saíram à rua para exigir melhores condições de trabalho, redução do horário e reconhecimento dos seus direitos enquanto cidadãs plenas. Respeitar a luta e as reivindicações das mulheres que foram severamente punidas no período do Estado Novo que, mesmo sob um contexto de autoritarismo e censura, encontraram formas de articular as suas exigências, estabelecendo uma tradição de resistência que se perpetuaria após a Revolução de Abril. É este legado que temos a obrigação de preservar.

É uma data que, além de celebrar as conquistas alcançadas, deve servir como instrumento de contestação e de articulação de ações que nos permitam atingir a igualdade salarial, a representatividade política e a erradicação da violência de género.

Hoje, persistem desigualdades que não podemos ignorar, relativizar ou normalizar. O relatório do European Institute for Gender Equality, que analisou a prevalência da violência física e/ou sexual contra mulheres no contexto da UE refere que, em Portugal, 35% dos homens consideram aceitável que um homem controle o dinheiro da sua parceira – a misoginia continua a ser uma batalha diária, reconhecida por todos. O mais preocupante neste relatório é que, em pleno século XXI, 20% das mulheres partilham essa visão, sugerindo uma internalização dos papéis de género que restringem a sua própria autonomia.

Por outro lado, se olharmos para os nossos jovens, de acordo com o Estudo Nacional sobre Violência no Namoro (2024), apresentado pela UMAR, 66,3% dos jovens que já namoraram afirmam ter sofrido pelo menos uma forma de violência. Os números apontam para um fenómeno de perpetuação da desigualdade, tornando-se fundamental desconstruir estes preconceitos e estereótipos através da educação e da sensibilização. A celebração deste dia deve, portanto, centrar-se na consciencialização e na ação política de empoderamento das mulheres.

É fundamental implementar políticas públicas que promovam a igualdade de oportunidades, assegurem igual tratamento no acesso a cargos de chefia e garantam o direito de escolha das mulheres em todas as esferas da vida. E, aqui, não há dúvidas de que a educação desempenha um papel crucial na desconstrução do preconceito e na formação de uma sociedade mais justa. É um trabalho que nos cabe a todos, mas, principalmente, às mulheres.

Não faz sentido lutar por cargos de chefia e, ao mesmo tempo, penalizar as nossas subalternas por exercerem o seu direito à maternidade – um direito plasmado na lei. A verdadeira mudança começa quando cada uma de nós reconhecer e respeitar as conquistas alcançadas, sem perpetuar desigualdades ao condenar quem simplesmente usufrui dos seus direitos.

Neste dia, mais do que celebrar estereótipos, devemos refletir e agir. Honremos o legado das sufragistas e de todas as mulheres que lutaram e lutam pelos nossos direitos, comprometendo-nos a continuar esta jornada, rumo à igualdade.

Que cada dia 08 de março seja um marco de progresso e não apenas uma data no calendário para jantar com as amigas.

OPINIÃO EM DESTAQUE
Coordenadora do Centro de Estudos de Bioética – Pólo Madeira
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