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Artigo de Opinião

Subdiretor JM

25/01/2025 08:05

Em Portugal, raras são as vezes em que os políticos ganham dimensão mediática pelas medidas que defendem. O protagonismo que conquistam é emalado em casos e casinhos que deixam transparecer a fragilidade de muitos dos que recebem a confiança do povo.

Na hora do aperto, os representantes da nossa democracia esquecem-se de quase tudo. Compreende-se. É muita bagagem, de facto. Principalmente a pessoal. E quando são despertados para problemas, acabam por se embrulhar em desculpas que não lembrariam a ninguém. Não sabiam, nunca ouviram falar, a família é que paga... os argumentos são diversos, desde que sirvam para nada esclarecer.

Em suma, dentro da mala democrática, não cabe um pingo de vergonha. Antes pelo contrário. Ninguém conhece a lei das incompatibilidades quando são detetadas acumulações indevidas, nem reconhece as dificuldades de quem vive longe da política, mas que merece beneficiar de mais e melhores políticas feitas por gente séria. E são cada vez menos.

Na partidocracia em que vivemos, há espaço para premiar os menos competentes, os que não arranjam problemas, os que seguem o líder sem questionar para onde vão. Não estão lá para pensar, de facto.

Comparecem para fazer número, preencher assentos no hemiciclo e ocupar espaço nas fotografias. Aqui ou ali, divertem-se em convívios politizados. Batem palmas aos líderes até ao momento em que se atrasam e perdem o comboio do partido. Saem de cena e começam a diferenciar-se pela facilidade com que dizem mal de algo com que sempre concordaram.

Por isso não é surpreendente a regularidade com que surgem episódios surreais como os que envolveram o deputado do Chega, Miguel Arruda.

Mais do que escrutinar a acusação que envolve o político açoriano, este autêntico jogo da mala nos aeroportos deixa claros e inequívocos sinais de que muitos utilizam as ferramentas democráticas para concretizar agendas pessoais. Modus operandi que não é novidade, é verdade, mas a boa sorte do senhor Arruda reforça a regra.

Perante a acusação de roubo de malas, o açoriano foi rápido a se desvincular do partido para se manter na Assembleia na condição de não inscrito. Porque o advogado entendeu que é o melhor para a sua defesa. Pouco importa que só lá tenha chegado à boleia do populismo de Ventura. O lugar é seu. Mesmo que não esteja lá a fazer nada. Aliás, Arruda, como está cansado de tanto ouvir falar em malas, arrumou a trouxa e voltou para os Açores, onde vai passear à conta de uma baixa psicológica.

Uma baixa(ria) repetida vezes sem conta e que reflete o nível de muitos dos que diariamente dão a cara pelo regime democrático nacional.

Enquanto se discutem os Arrudas e os Gandras deste País, as malas mais importantes, as que guardam os interesses dos eleitores, permanecem ocultas no sótão dos diferentes hemiciclos. Como a que guarda o estudo sobre a pobreza na Madeira. O prazo de abertura dessa pobre bagagem é prolongado, vai até final de março, quiçá depois das eleições, quando importaria perceber o resultado de um relatório que foi entregue no final de outubro do ano passado. A avaliação e correção das assimetrias sociais não são prioridade? Ou a reflexão pode esperar já que nunca foi feita?

OPINIÃO EM DESTAQUE
Coordenadora do Centro de Estudos de Bioética – Pólo Madeira
18/12/2025 08:00

Há uma dor estranha, quase impossível de explicar, que nasce quando alguém que amamos continua aqui... mas, aos poucos, deixa de estar. Não há funerais,...

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