MADEIRA Meteorologia

Artigo de Opinião

Médico-Dentista

12/12/2021 07:34

No entanto, o tempo não te tem feito bem. Tens vindo, ano após ano, a ficar mais forreta. Ultimamente só me trazes cuecas. Caso te estejas a preparar para repetir a gracinha, aviso-te já que podes ficar com elas. É que ainda tenho as etiquetas nas que me deste o ano passado.

Se, ainda que eu a tenha tentado extraviar, leste a carta da minha mulher e te comprometeste a trazer a carteira da Louis Vuitton que tanto quer, força. Mas informo já também que não vale a pena, depois, me renderes a conta! Desenrasca-te. Em último caso passa no Santo da Serra. Dizem que tem lá muito parecidas e que fazem a mesma vez. Agora é contigo…

Quanto aos miúdos, nem te atrevas a trazer vacinas. Eles já avisaram que não querem essa porcaria. Pelo menos enquanto não testarem os filhos dos políticos todos. E os netos. E os bisnetos. Vá, e os trinetos! Mesmo que o nosso Primeiro Ministro diga à boca cheia que "se tivesse um filho dessa idade não hesitava e vacinava-o". Tudo certo. Tirando o facto deles já serem maiores. Cá falar de cor também eu falo.

Até o Presidente da República quis dar uma forcinha na seringa. "Eu espero que os pais sejam sensíveis aos argumentos dos especialistas". Mas quais argumentos? O tal que a ideia é evitar a forma grave da doença, numa idade em que essa tem sido residual? Ou a de procurar diminuir a transmissibilidade quando já se viu que isso não está a acontecer nos adultos? Ah, já sei. A de não comprometer o desenvolvimento das crianças. Hum hum… Quantos casos querem de vacinados que continuam a ir para isolamento profilático e a suspender a sua actividade?

Vamos fazer assim: ou me convencem com fundamentos menos vagos e demonstram que os efeitos secundários justificam a oferta dos meus filhos à ciência, ou até os podem proibir de ir à escola. Só têm que prometer é arranjar depois lugar para eles no governo.

Mesmo assim o Professor quer, e eu concordo, que tudo isto seja visto "sem dramatização".

O pior é que já nem os putos acreditam muito nesse chavão de que "os benefícios são superiores aos riscos". Os gajos pensam pela cabeça deles! Vieram com esse defeito. O que posso fazer? Vou matá-los? Não, não vou. No máximo posso tentar suborná-los. Prometer-lhes 2 fichas dos carrinhos elétricos. 4 voltas no carrossel. Pau e meio de algodão doce. Um pacote de pipocas e uma dúzia de churros. 3 pirolitos. Mas mesmo assim acho que não vão mudar de ideias. Vejam lá que eu, no desespero, cheguei até ao ponto de lhes dizer que o Dr Pedro Ramos avisou que "o bem comum está acima de tudo e vacinar-se é um dever moral". Os pestes, ouviram tudo e no fim, perguntaram-me o que era isso de "moral"? Se os políticos, banqueiros, presidentes de clubes, motoristas vários e outros que tais, tinham disso. Fiquei sem saber o que dizer. Inclusive achei aquilo uma afronta. Levaram logo um palmadão para aprenderem a não pôr em causa o carácter de gente de bem.

Por exemplo, a minha mais velha (16), querendo armar-se em entendida saiu-se, há dias, com um: "o Cabrita devia ir preso. Onde já se viu a culpa ser do motorista?". Não sei se se lembrou disso por estarmos a atravessar a estrada fora da passadeira ou se foi efeito secundário da vacina (sim, é a única dos 3 dependentes que já foi inoculada). Pedi então que me explicasse melhor a sua indignação. "Sim, ele ia no carro e mandou acelerar!". Respirou. E seguiu: "E agora a culpa é do coitado do homem que ia ao volante?". Perguntei como tinha tido acesso ao processo. Para tamanha convicção, só podia estar bem documentada. Afinal ela não tinha lido nada. Não tinha conhecimento de coisa nenhuma. A não ser o que tinha ouvido dizer um colega na escola. Coisa que, diga-se de passagem, é mais arriscado do que sei lá o quê. Acreditar nos outros? Hoje em dia? Está bem, está…

Pedi apenas que tentasse fazer um exercício. Talvez algo que nunca tivesse tentado. Pensar! Sim, apenas pensar. De forma simples, até. "Já andaste de autocarro?, questionei. "Dahhh, claro que já", retorquiu… "E se o chauffeur atropelasse alguém, depois de teres cantado um "senhor condutor, por favor, ponha o pé no acelerador", tu também eras culpada?!". "Eu?! Não. A que propósito?". Pois é. Pimenta no orifício do fundo das costas dos outros, para nós é refresco.

Enfim… Pai Natal, se ainda for a tempo, traz-lhe noção. Não precisa ser muita! Até porque suponho que venhas com excesso de peso.

Ainda para mais sabendo que te encomendaram um líder para deixares na sede do PS. A morada? Rua da Alfândega, 64, 2.º andar. Por favor, evita é a chaminé. Aquilo volta e meia até deita fumo. Mas até agora foi de tudo, menos branco.

Falando de cores, de quinta para cá que a Madeira figura entre as regiões e países da Europa com maior risco para a Covid-19, segundo o Centro Europeu para Prevenção e Controlo das Doenças. Se até então estávamos no vermelho, a actualização cromática atribuiu-nos agora o vermelho escuro. O tom mais gravoso, dizem. Já eu tenho dúvidas! Acredito que estamos a ganhar cor. Acho que, de há uns anos a esta parte, temos andado no castanho escuro. Ok. Vá lá. Ora molinho e húmido. Ora mais duro e seco! Mas sim. Os tempos têm sido, literalmente, de caca. Mas pior do que isso é que, ou muito me engano ou a coisa ainda vai piorar. Ficar preta, mesmo.

Olha Pai Natal, queres que te diga?! Deixa. Esquece os pedidos todos. Não tragas nada. Leva apenas este vírus de volta. Sim, pensei melhor e acho que é suficiente. Com os cancros nós já aprendemos a conviver! Tanto que daqui a dias até vamos às urnas escolher o melhor. Só peço a Deus que seja o menos maligno. É que para isso eles não inventam vacina.

Pedro Nunes escreve
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