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Artigo de Opinião

Professor

23/10/2023 08:00

Se, por um lado, aceitamos como um novo normal a constituição de um governo apoiado por mais do que um partido. Se aceitamos como natural o crescimento de partidos de protesto e uma disseminação do eleitorado por pequenos partidos que representam bolhas de interesses específicos. Por outro, não podemos escamotear as verdadeiras razões da perda de popularidade dos dois maiores partidos. Do PS e do PSD. E arrisco a humilde opinião de que ambos sofrem do mesmo problema. A estrutura interna, a mobilização partidária, as chagas mal saradas que sempre atormentam os partidos do poder.

O PS na sua habitual autofagia, decapitando-se sempre nos momentos cruciais, incapaz de resolver problemas congénitos e a sua má relação com o processo autonómico. O Poder corrói, mas uma oposição demasiado prolongada corrói muito mais.

Já o PSD vive duas realidades distintas. O Governo, no qual a maioria dos madeirenses se revê. Que tem feito um trabalho meritório e para o qual o comum cidadão não vislumbra qualquer alternativa credível, daí as sucessivas vitórias. Por outro lado, o Partido, que tem vindo a fazer um processo menos valioso, vulnerável à aceitação e estima do militante chico-esperto, mesmo que insciente ou impopular. O Partido, muitas vezes incapaz de distinguir o trigo do joio.

O PSD ganhou em todos os concelhos. Porquê? Pela hecatombe do PS que provocou uma dispersão de votos por outros partidos. A verdade é que, em quase todos os concelhos, a aliança PSD-CDS perdeu apoio desde as últimas regionais. E isso leva à pergunta óbvia. Será que o PSD, o CDS já pouco conta, consegue ganhar as próximas eleições autárquicas, daqui a dois anos, em todos os concelhos, com a dinâmica concelhia que vem apresentando? É possível, mas será preciso que várias estrelas coincidam numa constelação perfeita.

No concelho de Machico as contas são fáceis de fazer. A cada eleição o PSD perde votos. Nestas, mesmo ficando à frente, perdeu votos em relação as todas as eleições anteriores. Já teve mais de sete mil, mais de seis mil, mais de cinco mil e agora ficou-se pelos quatro mil em coligação com o CDS que andava sempre pelos trezentos a quinhentos votos.

Apesar da explosão de regozijo da estrutura local, porque finalmente ganhou ao PS, é preciso não esquecer que dificilmente se ganha as autárquicas sem atingir mais de seis mil votos no concelho. É preciso não esquecer ainda que nas autárquicas funciona o voto útil, e sempre houve uma concentração de votos no PS, que agora perdeu dois mil votos para outros. É preciso ter presente que a abstenção nas autárquicas é muito menor. Sem descurar que, para a Câmara, o partido conta, mas o candidato conta muito mais.

Por isso, não vale a pena se pôr em bicos de pé ou aos empurrões, embalados por esta vitória pírrica. Quatro mil e tal votos não basta. Com este resultado o PSD ganharia a Câmara, ficando com três vereadores, o PS três e o JPP um. O que deixaria a presidência PSD em maus lençóis.

O concelho parece estar farto e cansado do PS, mas daí até uma vitória do PSD ainda vão alguns passos. E é preciso saber dá-los. Para bem do município.

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