MADEIRA Meteorologia

Artigo de Opinião

29/05/2022 08:00

A Assembleia Mundial da Saúde, reunida pela 75ª vez, é o órgão deliberativo máximo da Organização Mundial de Saúde. Durante uma semana, os ministros de saúde de todo o mundo reúnem-se em Genebra para discutir as políticas de saúde internacional e, de 5 em 5 anos, eleger um novo Diretor-Geral.

Esta Assembleia foi particularmente especial por coincidir com a reeleição do Dr. Tedros Adhanom Ghebreyesus, que confirmou o seu sentido de responsabilidade e liderança aquando da maior pandemia dos últimos 100 anos, tendo recebido um novo mandato sem oposição.

Numa altura em que o trabalho maioritariamente técnico da Organização Mundial da Saúde politizou-se fruto da resposta à pandemia COVID-19, um dos principais temas desta semana de discussão foi como recuperar o tempo perdido, em termos de todos os fatores de risco e doenças que tiveram a sua monitorização debelada durante estes últimos dois anos. Durante a missão tive a oportunidade de presidir as reuniões com os peritos mundiais. Partilho um exemplo que impressionou toda a missão do Parlamento Europeu, em relação ao trabalho perdido: durante o primeiro ano de pandemia a inoculação com as vacinas contra o sarampo, rubéola, tuberculose e tosse convulsa foram atrasadas a nível mundial. De acordo com os estudos apresentados pela OMS, este singelo atraso representa cerca de 10 anos de atraso nos programas de vacinação a nível mundial. Imaginemos quantos anos perdidos para outros programas ocorreram nos últimos 2 anos.

Numa altura em que a principal causa de perda de membros já não são as minas terrestres, mas sim a falta de acesso à insulina, uma substância que foi patenteada a um dólar para permitir salvar o máximo de vidas possíveis; em que a principal causa de cegueira a nível mundial são as cataratas, passíveis de resolver-se cirurgicamente; esta missão demonstrou que ainda há um longo percurso a percorrer para mais e melhor saúde para todos, como plasmado na visão da OMS. Temos as soluções, mas apenas acessíveis para os que tiveram a sorte de nascer e viver em países de alto rendimento, como Portugal.

Mas nem tudo são más notícias. Temos a possibilidade de ajudar aqueles que mais precisam através de uma distribuição mais equitativa de recursos. E também podemos legislar sobre os fatores de risco conhecidos para várias doenças, como o cancro, diabetes, doenças cardio-vasculares, doenças pulmonares crónicas, entre muitas outras.

Plasmado nesta missão que cumpriu em pleno os objetivos propostos foi a importância da União Europeia, através das suas diretrizes, em atuar e guiar o resto do globo.

Todos os anos, a poluição do ar provoca 7 milhões de mortes a nível mundial. Não é com surpresa que ouvimos, e com razão, que a ação climática, como a que estamos a discutir no maior pacote legislativo negociado no Parlamento Europeu, significa mais saúde. Melhor qualidade do ar que respiramos, da água que bebemos, dos alimentos que consumimos, a redução da pegada dos produtos que utilizamos, todas estas discussões que acontecem atualmente no Parlamento Europeu e em cada um dos parlamentos dos 27 Estados-Membros da União Europeia. E porque a UE é o guia na ambição de alcançarmos um mundo com mais e melhor saúde para todos e porque melhor qualidade do ar, da água, dos alimentos e dos produtos que consumimos significa mais e melhor saúde para todos. E se esse argumento não for suficiente, a ciência também prova que cidadãos mais saudáveis significam ganhos em saúde na casa dos milhares de milhões de euros.

OPINIÃO EM DESTAQUE

88.8 RJM Rádio Jornal da Madeira RÁDIO 88.8 RJM MADEIRA

Ligue-se às Redes RJM 88.8FM

Emissão Online

Em direto

Ouvir Agora
INQUÉRITO / SONDAGEM

Concorda que Portugal deve “pagar custos” da escravatura e dos crimes coloniais?

Enviar Resultados

Mais Lidas

Últimas