MADEIRA Meteorologia

Artigo de Opinião

4/02/2025 08:00

A decisão dos Estados Unidos da América de se retirarem da Organização Mundial da Saúde (OMS) é um desastre para a saúde global, especialmente se considerarmos que o país é um dos maiores financiadores da organização, contribuindo para, pelo menos, um quinto do seu orçamento. Esta saída enfraquece a capacidade da OMS de responder rapidamente a crises sanitárias globais e compromete a continuidade de programas essenciais de vigilância epidemiológica e imunização, e terá consequências que vão muito além das suas fronteiras. A OMS tem sido, ao longo das décadas, um pilar essencial na resposta a pandemias, na coordenação da cooperação científica e na promoção de políticas de saúde pública eficazes. Ao enfraquecer esta organização, colocamos em risco a capacidade da resposta global a surtos de doenças infecciosas, incluindo os que podem afetar regiões como a Madeira.

A história recente mostra-nos que as doenças transmissíveis não conhecem fronteiras. Além da pandemia de COVID-19, surtos como o de Ébola em África, ou do vírus Zika na América Latina, evidenciam a necessidade de uma resposta coordenada e global para conter ameaças sanitárias. A pandemia de COVID-19 foi uma chamada de atenção clara para a necessidade de uma coordenação internacional robusta, com partilha de dados, financiamento adequado para investigação e resposta rápida a emergências. Mas há outros exemplos mais próximos de nós. A Madeira já enfrentou um surto de dengue em 2012, e este episódio sublinha a importância de manter redes globais de vigilância epidemiológica e resposta.

A OMS tem um papel fundamental na prevenção e resposta a doenças transmitidas por vetores, como são o dengue. Através da partilha de conhecimento, da elaboração de diretrizes e do financiamento de programas de monitorização, esta organização tem permitido avanços significativos no controlo da doença. Com um financiamento reduzido e menor envolvimento dos EUA, o risco de lacunas na vigilância aumenta, podendo comprometer a resposta a surtos futuros.

Na Madeira, onde o turismo é uma das principais atividades económicas, surtos anteriores de doenças como o dengue já demonstraram o impacto significativo que crises sanitárias podem ter na confiança dos turistas e no desempenho econômico da região. Em 2012, por exemplo, o surto de dengue resultou numa queda do turismo. O receio de infeção levou à diminuição das reservas e a uma percepção de insegurança sanitária, evidenciando a necessidade de uma vigilância epidemiológica robusta para proteger não apenas a saúde da população, mas também a estabilidade económica regional.

O que podemos fazer? A solução passa por um reforço da cooperação europeia em matéria de saúde pública, garantindo que a UE assume um papel de liderança na OMS e no financiamento de programas de saúde globais.

Porque a saúde global é um bem comum, e o seu enfraquecimento é um risco para todos. O mundo não pode permitir que interesses políticos comprometam o progresso conquistado nas últimas décadas. A ciência, a solidariedade e a cooperação internacional devem continuar a guiar a nossa resposta aos desafios de saúde pública.

OPINIÃO EM DESTAQUE
Coordenadora do Centro de Estudos de Bioética – Pólo Madeira
18/12/2025 08:00

Há uma dor estranha, quase impossível de explicar, que nasce quando alguém que amamos continua aqui... mas, aos poucos, deixa de estar. Não há funerais,...

Ver todos os artigos

88.8 RJM Rádio Jornal da Madeira RÁDIO 88.8 RJM MADEIRA

Ligue-se às Redes RJM 88.8FM

Emissão Online

Em direto

Ouvir Agora
INQUÉRITO / SONDAGEM

Qual o valor que gastou ou tenciona gastar em prendas este Natal?

Enviar Resultados
RJM PODCASTS

Mais Lidas

Últimas