A diplomacia norte-americana exortou hoje Pequim a escolher o caminho da "diplomacia" e não o da "pressão" sobre Taiwan, logo após o envio pela China de navios de guerra para as águas ao redor da ilha.
"Continuamos a pedir a Pequim que cesse a sua pressão militar, diplomática e económica sobre Taiwan e opte por exercer uma diplomacia construtiva", disse o porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, Vedant Patel, a jornalistas.
A reunião de quarta-feira nos arredores Los Angeles entre a líder de Taiwan, Tsai Ing-wen, e o presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, Kevin McCarthy, enfureceu Pequim, que havia prometido uma resposta "firme" a esse encontro.
"Continuamos comprometidos em manter canais de comunicação abertos para evitar qualquer risco de erro de julgamento", disse Patel.
O porta-voz reconheceu "divergências" entre os Estados Unidos e a China na questão de Taiwan, mas disse que as duas potências geriram com sucesso a situação por 40 anos.
Taiwan anunciou ter detetado hoje três navios de guerra chineses e um helicóptero anti-submarino perto da ilha, depois do encontro entre a líder taiwanesa e o presidente da Câmara dos Representantes norte-americana.
A China considera que a ilha democrática e autónoma de Taiwan é uma das suas províncias a ser retomada, favorecendo a "reunificação pacífica", mas não excluindo o uso da força.
Em nome do princípio "uma só China", nenhum país deve ter laços oficiais com Pequim e Taipé ao mesmo tempo.
Apenas 13 Estados ainda reconhecem Taiwan, incluindo Belize e Guatemala, países latino-americanos que Tsai visitou nos últimos dias para cimentar a relação com os poucos aliados oficiais, após uma primeira paragem em Nova Iorque.
Mas os Estados Unidos mantêm há muito tempo uma "ambiguidade estratégica" sobre a questão de Taiwan. Washington reconheceu Pequim desde 1979, mas continua a ser o mais poderoso aliado de Taiwan e o principal fornecedor de armas.
Com Tsai, Taiwan aproximou-se dos Estados Unidos, tendo McCarthy apelado para a "continuação das vendas de armas" a Taiwan, defendendo serem a "melhor maneira" de evitar uma invasão chinesa da ilha. "Esta é uma lição chave que aprendemos com a Ucrânia, que a ideia de meras sanções no futuro não irá deter ninguém", disse o Republicano aos jornalistas.
A relação entre a China e os Estados Unidos deteriorou-se nos últimos anos, face a uma prolongada guerra comercial e tecnológica e diferendos em questões de direitos humanos, a soberania do mar do Sul da China ou o estatuto de Hong Kong.
Os Estados Unidos são o maior fornecedor de armas de Taiwan e seriam o principal aliado no caso de uma invasão chinesa.
China e Taiwan vivem como dois territórios autónomos desde 1949, altura em que o antigo governo nacionalista chinês se refugiou na ilha, após a derrota na guerra civil frente aos comunistas. Pequim considera a ilha parte do seu território e ameaça a reunificação através da força, caso Taipé declare formalmente a independência.
LUSA