MADEIRA Meteorologia

Pelo menos 44 hospitalizados na Geórgia na terceira noite de protestos anti-governo

Data de publicação
01 Dezembro 2024
13:55

Pelo menos 44 pessoas foram hospitalizadas na capital da Geórgia, após a polícia usar canhões de água e gás lacrimogéneo na terceira noite de protestos contra a decisão do governo de suspender a adesão à União Europeia, segundo as autoridades.

Dezenas de milhares de manifestantes reuniram-se em frente ao parlamento no sábado à noite, atirando pedras e lançando fogo-de-artifício.

Uma imagem do fundador do partido governamental, O Sonho Georgiano, Bidzina Ivanishvili - um bilionário obscuro que fez fortuna na Rússia - foi queimada em frente ao parlamento.

O Ministério do Interior da Geórgia informou hoje que 27 manifestantes, 16 polícias e um trabalhador dos meios de comunicação social foram hospitalizados.

O primeiro-ministro, Irakli Kobakhidze, avisou que “qualquer violação da lei será enfrentada com todo o rigor da lei”.

“Nem os políticos que se escondem nos seus gabinetes e sacrificam os membros dos seus grupos violentos a um castigo severo escaparão à responsabilidade”, afirmou hoje o chefe do Governo, numa conferência de imprensa.

Kobakhidze negou que a integração europeia da Geórgia tenha sido interrompida.

“A única coisa que rejeitámos foi a chantagem vergonhosa e ofensiva, que foi, de facto, um obstáculo significativo à integração europeia do nosso país”, disse.

No sábado, o primeiro-ministro disse que “entidades estrangeiras” não especificadas desejavam ver a “ucranização” da Geórgia com um “cenário ao estilo Maidan” - uma referência à revolução na praça Maidan de 2014 na Ucrânia, que depôs o então Presidente ucraniano, amigo de Moscovo, e desencadeou uma década de mudanças importantes para a Ucrânia, acabando por conduzir à sua atual guerra com a Rússia.

Kobakhidze também rejeitou a declaração do Departamento de Estado dos EUA, no sábado, que anunciou suspender a sua parceria estratégica com a Geórgia, condenando a decisão de Tbilissi de suspender os seus esforços de adesão à UE.

“É possível constatar que a administração cessante está a tentar deixar à nova administração um legado tão difícil quanto possível. Estão a fazer isso em relação à Ucrânia e agora também em relação à Geórgia”, disse Kobakhidze sobre os EUA.

“Vamos esperar pela nova administração e discutir tudo com eles”, comentou, numa alusão ao início do mandato de Donald Trump na Casa Branca, a partir de 20 de janeiro.

A vitória contestada do partido no poder, Sonho Georgiano, nas eleições parlamentares de 26 de outubro, que foi vista como um referendo sobre as aspirações da Geórgia à adesão à UE, provocou grandes manifestações e levou a um boicote da oposição ao parlamento.

A oposição afirmou que a votação foi manipulada com a ajuda da Rússia, o antigo senhor imperial da Geórgia, e que Moscovo espera manter Tbilissi na sua órbita.

Em declarações à The Associated Press no sábado, a Presidente pró-ocidental da Geórgia, Salome Zurabishvili, disse que o seu país estava a tornar-se um Estado “quase russo” e que o partido no poder, Sonho Georgiano, controlava as principais instituições.

“Não estamos a pedir uma revolução. Estamos a pedir novas eleições, mas em condições que garantam que a vontade do povo não será novamente deturpada ou roubada”, afirmou Zurabishvili.

“A Geórgia sempre resistiu à influência russa e não aceitará que o seu voto seja roubado e o seu destino seja roubado”, defendeu.

O anúncio do governo de que iria «suspender as negociações de adesão à UE ocorreu horas depois de o Parlamento Europeu ter adotado uma resolução considerando a votação do mês passado como não sendo livre nem justa. Para Bruxelas, as eleições representaram mais uma manifestação do contínuo retrocesso democrático da Geórgia, “pelo qual o partido no poder, Sonho Georgiano, é totalmente responsável”.

A UE concedeu à Geórgia o estatuto de país candidato em dezembro de 2023, na condição de cumprir as recomendações do bloco, mas suspendeu a sua adesão e cortou o apoio financeiro no início deste ano, após a aprovação de uma lei de “influência estrangeira”, similar a uma existente na Rússia e amplamente vista como um golpe para as liberdades democráticas.

Os legisladores da UE apelaram a uma repetição da votação parlamentar no prazo de um ano, sob supervisão internacional rigorosa e por uma administração eleitoral independente. Apelaram também à UE para que imponha sanções e limite os contactos formais com o governo da Geórgia.

O primeiro-ministro georgiano denunciou o que descreveu como uma “cascata de insultos” por parte dos políticos dos 27 e considerou que o Parlamento Europeu se tornou “uma arma de chantagem contra a Geórgia, o que é uma grande vergonha para a União Europeia”.

Kobakhidze afirmou ainda que a Geórgia rejeitará quaisquer subvenções orçamentais da UE até ao final de 2028.

Os críticos acusam o Sonho Georgiano de se tornar cada vez mais autoritário e inclinado para Moscovo. O partido aprovou recentemente leis semelhantes às utilizadas pelo Kremlin para reprimir a liberdade de expressão e os direitos das pessoas LGBTQ+.

OPINIÃO EM DESTAQUE
Coordenadora do Centro de Estudos de Bioética – Pólo Madeira
18/12/2025 08:00

Há uma dor estranha, quase impossível de explicar, que nasce quando alguém que amamos continua aqui... mas, aos poucos, deixa de estar. Não há funerais,...

Ver todos os artigos

88.8 RJM Rádio Jornal da Madeira RÁDIO 88.8 RJM MADEIRA

Ligue-se às Redes RJM 88.8FM

Emissão Online

Em direto

Ouvir Agora
INQUÉRITO / SONDAGEM

Qual o valor que gastou ou tenciona gastar em prendas este Natal?

Enviar Resultados
RJM PODCASTS

Mais Lidas

Últimas