MADEIRA Meteorologia

Milhares de uruguaios e vários chefes de Estado na despedida do popular ex-Presidente Mujica

Data de publicação
15 Maio 2025
21:16

Milhares de uruguaios e alguns chefes de Estado sul-americanos participaram hoje nas cerimónias fúnebres do popular ex-Presidente José Mujica (2010-2015), figura da esquerda latino-americana que morreu na terça-feira vítima de cancro, aos 89 anos.

Antigo guerrilheiro e adepto de um estilo de vida austero, José Mujica, conhecido como “Pepe”, foi velado nos Passos Perdidos do Palácio Legislativo de Montevideu, por onde passaram hoje os presidentes do Chile e do Brasil, Gabriel Boric e Lula da Silva, de acordo com a edição local do El Pais.

À saída, o Presidente brasileiro, que regressou à América do Sul após uma cimeira na China, fez uma declaração à imprensa, sem direito a perguntas, frisando que fez questão de se “despedir” de Mujica, “um ser humano superior”, pessoa como “há poucas no mundo, “com a capacidade política e a habilidade de falar com os jovens”.

“Uma pessoa como Pepe Mujica não morre: o seu corpo parte, seu rosto desaparece, mas não as ideias que ele semeou todos estes anos”, disse Lula.

Lula recordou o falecimento do Papa Francisco, outro “ser humano muito especial”, que com Mujica deixou duas “perdas irreparáveis”, mas também um exemplo “para que a humanidade possa ser melhor, para que possa ser mais fraterna, mais generosa, e para que a política possa ser feita de uma forma mais digna e solidária”.

O cortejo fúnebre partiu da sede da presidência em Montevideu, conduzido pela mulher de Mujica, a antiga vice-presidente Lucia Topolansky, e pelo atual Presidente uruguaio Yamandu Orsi, sucessor do antigo dirigente.

Milhares de pessoas acorreram ao centro da capital para assistir à passagem do caixão numa carruagem puxada por cavalos.

Alguns gritavam “Obrigado, Pepe”, enquanto outros choravam, de acordo com a reportagem da AFP.

Ao som de “A don José”, um clássico da música popular uruguaia associado à esquerda, a passagem do carro alegórico suscitou salvas de palmas e gritos.

A bandeira uruguaia e a do governo de esquerda adornaram as ruas e os ombros dos apoiantes.

Três horas depois, o cortejo chegou ao Palácio Legislativo, dando-se início à vigília.

No exterior do parlamento, pessoas de todas as idades, muitas delas com flores nas mãos, fizeram fila durante a tarde para prestar homenagem ao antigo chefe de Estado.

“A perda de um amigo, de um companheiro, é algo que comove”, mas ver ‘idosos, crianças, jovens a demonstrarem tanto afeto (...) é reconfortante’, disse o Presidente Orsi.

O governo do pequeno país sul-americano decretou três dias de luto nacional por Mujica.

Apelidado de “Presidente mais pobre do mundo” por ter doado quase todos os seus rendimentos enquanto dirigente a um programa de habitação social, “Pepe” Mujica revelou no início do ano que o seu cancro do esófago, diagnosticado em maio de 2024, se tinha alastrado e que o seu corpo já não tolerava os tratamentos.

Nos anos 60, Mujica foi um dos fundadores do grupo de guerrilha urbana de extrema-esquerda Movimento de Libertação Nacional Tupamaros (MLN-T).

Baleado e ferido em 1970, foi preso e torturado durante toda a ditadura (1973-1985).

Após a sua libertação em 1985, entrou na política e, em 1989, fundou o Movimento de Participação Popular (MPP), um pilar da Frente Ampla, que levou a esquerda ao poder pela primeira vez em 2005 com Tabaré Vasquez.

O líder, que também ocupou os cargos de deputado, senador e ministro, promoveu medidas progressistas para a América Latina, como a legalização da canábis em 2013, o aborto e o casamento homossexual.

Até ao fim, trabalhou para a esquerda do seu país, liderando em novembro a campanha presidencial de Yamandu Orsi, seu herdeiro político, cuja eleição festejou.

“Há algo de doce [na vitória de Orsi], um pouco como um presente de despedida”, disse numa entrevista à AFP.

OPINIÃO EM DESTAQUE
Coordenadora do Centro de Estudos de Bioética – Pólo Madeira
18/12/2025 08:00

Há uma dor estranha, quase impossível de explicar, que nasce quando alguém que amamos continua aqui... mas, aos poucos, deixa de estar. Não há funerais,...

Ver todos os artigos

88.8 RJM Rádio Jornal da Madeira RÁDIO 88.8 RJM MADEIRA

Ligue-se às Redes RJM 88.8FM

Emissão Online

Em direto

Ouvir Agora
INQUÉRITO / SONDAGEM

Concorda com a entrega do Prémio Nobel da Paz a Maria Corina Machado?

Enviar Resultados
RJM PODCASTS

Mais Lidas

Últimas