Foi inaugurado no início da tarde desta segunda-feira, o Núcleo Museológico de São Filipe, a génese do que será o futuro Museu de Arqueologia da Madeira, a ser criado no Forte de São Tiago, e que resultou num extenso trabalho de recuperação, restauro de vários objetos, que são pedaços de memória e da história da produção regional, de importação de Portugal Continental, Espanha, Itália, Países Baixos e Mediterrânicos. Um trabalho que foi reconhecido pelas entidades públicas, pela “tenacidade” do arqueólogo Daniel Sousa e a sua equipa, da Direção Regional de Cultura (DRC).
Na ocasião, o presidente do Governo Regional destacou o investimento de 3,5 milhões de euros, com 85% de fundos europeus. “Foi um investimento muito importante para a reconstituição de uma das memórias mais importantes da história da Madeira, que era onde estava localizado o forte de São Filipe e onde haveria, no fundo, como se pode constatar ao longo das sucessivas escavações que foram feitas, um intercâmbio com os nossos principais parceiros europeus e essas escavações vêm mostrar isto”. “O apogeu da descoberta da Madeira, a indústria sacarina e as influências com outros países por via do comércio”, resumiu.
O governante lembrou ainda a importância estratégica do Funchal, “a primeira arquidiocese portuguesa” fora do continente europeu, sublinhando a riqueza que foi recuperada nas ruínas ali recriadas, que o temporal do 20 de fevereiro de 2010 veio expor.
“As escavações demonstram que a Madeira nunca esteve isolada”, vincou Miguel Albuquerque, reforçando novamente as relações comerciais da ilha no contexto internacional.
Instado sobre datas previstas para a abertura do Museu de Arqueologia da Madeira, o chefe do executivo madeirense não soube precisar, dada a complexidade de recuperar peças tão específicas, muitas da quais como se de “puzzles” se tratassem.
Por seu turno, o arqueólogo responsável expôs o trabalho desenvolvido desde 2010 até à abertura do núcleo, especificando que, dos maiores desafios, foi recuperar parte de uma muralha descoberta na Ribeira de Santa Luzia.
O especialista lembrou os achados arqueológicos que a aluvião trouxe a descoberto, a necessidade de os preservar e de encontrar um espaço para a sua conservação e exposição, resultando no novo núcleo museológico, que é, como referido, o ponto de lançamento para o futuro Museu de Arqueologia da Madeira.
De salientar que o núcleo museológico situado no Largo do Pelourinho abre amanhã portas ao público em geral, com ingresso a seis euros.