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Exposição reúne 100 peças de Roberto Cunha na Casa-Museu Frederico de Freitas

Data de publicação
27 Agosto 2024
18:20

A exposição ‘Roberto Cunha, A Paixão Pelo Detalhe’ é inaugurada esta quarta-feira, às 16h30, na Casa-Museu Frederico de Freitas, um espaço sob a tutela da Secretaria Regional de Economia, Turismo e Cultura através da Direção Regional da Cultura.

De acordo com a entidade organizadora, a mostra reúne mais de 100 peças que se encontravam dispersas pelos seus familiares, por colecionadores privados e em museus regionais, conseguindo apresentar ao público um conjunto inédito da sua obra invulgar e praticamente desconhecida da grande maioria dos madeirenses.

Realça a mesma fonte que Frederico de Freitas foi um dos grandes admiradores de Roberto Cunha, reunindo um núcleo de peças da sua autoria. “Em 2006, todo o equipamento da sua singular oficina foi doado à Casa-Museu Frederico de Freitas e foi esse gesto generoso que levou à concretização da exposição amanhã inaugurada”, adianta a tutela.

Caricaturista e ceramista de invulgar talento, Roberto Luís Paiva e Cunha nasceu na Calheta a 22 de setembro de 1901. Começou a trabalhar aos 14 anos como desenhador numa casa de bordados e aos 20 anos ingressou na Western Telegraph Company, vulgo ‘Casa da Linha’, a empresa britânica do cabo submarino. Nos 40 anos seguintes, aí decorreu a sua carreira profissional, primeiro como telegrafista e depois como mecânico. Começou a revelar o seu talento de caricaturista, retratando a maioria dos seus colegas.

Em 1929, foi convidado a integrar o grupo de jovens irreverentes fundadores do Re-nhau-nhau, o periódico trimensal humorista que, com enorme sucesso e espírito crítico, abordou a sociedade e a política madeirense, até à década de 70. Foi o autor do icónico cabeçalho e a sua colaboração foi especialmente ativa, no período inicial, como o Mestre que fez escola e sob cuja alçada muitos outros caricaturista se formaram.

Autodidata, Roberto Cunha começou a trabalhar o barro no final dos anos 20, associado à Olaria Funchalense. Possuía um dom inato para modelar o barro e a tal se dedicou com empenho, revelando através dessa matéria um esmero e uma qualidade artística únicos. Notabilizou-se pelas suas figuras em miniatura, policromadas ou não, cuja incrível perfeição e rigor do detalhe o distinguem como caso único na Região e entre os melhores artistas congéneres nacionais.

Na sua produção contam-se dois singulares e belíssimos presépios, mas foram os tipos e costumes regionais que mais cativaram. Floristas, bordadeiras, pesquitos, camponeses (vilões) em diferentes lides quotidianas, borracheiros, leiteiros, pastores, carreiros do Monte, carros de bois, carregadores de rede e até banhistas do Lido surgem retratados em barro, perpetuados num natural instante do seu quotidiano, que assim fixou costumes hoje esquecidos.

A exposição temporária ficará patente até ao dia 9 de novembro, podendo ser visitada, com entrada gratuita, de terça a sábado, das 10h00 às 17h30.

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