Clara Pinto Correia, escritora, bióloga e professora universitária, foi encontrada morta esta terça-feira na casa onde vivia, em Estremoz, avança o Correio da Manhã. Tinha 65 anos.
Figura destacada da cultura e da ciência em Portugal, Clara Pinto Correia afastara-se do espaço público nos últimos anos, trocando o ritmo mediático por uma vida mais resguardada no Alentejo.
Numa entrevista concedida à Sábado em janeiro deste ano, a autora recordou momentos particularmente difíceis, marcados pelo desemprego, precariedade e perda de estabilidade. “Fiquei sem emprego, sem qualquer espécie de trabalho. Primeiro que começasse a receber o subsídio de desemprego foram quase dois anos. Nas filas da Segurança Social olhavam para mim de esguelha. A minha senhoria da casa no Penedo pôs-me uma ordem de despejo. Há 30 anos que lhe arrendava a casa e dava-me lindamente com ela”, disse.
A escritora já antes enfrentara episódios mediáticos delicados. Em 2003, foi acusada de plágio num artigo publicado na revista Visão, polémica que recordou com distanciamento na mesma entrevista: “Eu estava nos Estados Unidos. Na altura não havia Google. (...) Telefonou a minha mãe a dizer: ‘Não respondas a nada do que as pessoas te perguntarem. Estão a aproveitar tudo o que dizes para fazerem de ti parva.’ E eu calei-me.”
Licenciada em Biologia pela Universidade de Lisboa e doutorada pela Universidade do Porto, Clara Pinto Correia desenvolveu carreira académica e científica nas áreas da embriologia, passando pelo Instituto Gulbenkian de Ciência e por instituições nos Estados Unidos. Paralelamente, construiu uma obra literária diversificada, que a tornou uma presença relevante na sociedade portuguesa desde os anos 80.
As circunstâncias da morte ainda estão por divulgar.