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Artigo de Opinião

O ESPÍRITO DOS TEMPOS

8/09/2023 08:00

É verdade que as sondagens indicam tendências, ou comportamentos, num determinado momento, e que é melhor, no caso das sondagens políticas, ir à frente do que ir atrás. Mas uma coisa é sentir o conforto de uma projecção e a sensação de um dever cumprido, outra coisa, bem diferente, é pensar-se que o adversário está derrotado e que resta apurar a dimensão da vitória. É aí que tudo pode ficar perigoso. Primeiro, porque não há vitórias antecipadas. Segundo, porque os adversários reagem aos eventos e adaptam as suas estratégias. E, terceiro, porque pode haver desmobilização. Portanto, pensar-se que isto é um passeio na avenida é um erro que não se pode cometer pelo que há que manter o foco no essencial, espalhar a mensagem, mostrar as conquistas dos últimos 4 anos e continuar, com determinação, no terreno, a ouvir as pessoas, com humildade e sem arrogância.

Prevejo, porém, que, como de costume, alguns, com cargos de nomeação e responsabilidade, vão procurar evitar fazer campanha pelo PSD ou pela Coligação "Somos Madeira", usando os subterfúgios de sempre. O mais conhecido é fingir-se de morto a ver se ninguém nota essa espécie de alergia ao proletariado social-democrata e ao povo madeirense. Não vai ser a primeira vez. Vamos ver se é a última.


O bazar

Pensou-se que a entrada do Chega na política regional ia significar um aumento exponencial das propostas populistas. Puro engano. Bastou a pré-campanha arrancar para se ver que no campo do populismo a competição está ao rubro. Do PS ao JPP, passando pelo PCP ou BE, sem esquecer a IL ou o Chega, a promessa fácil é via verde, ou vermelha, ou azul, ou o que se quiser, na caça ao voto.

Há, aliás, um conjunto de propostas que trespassam todas estas forças políticas o que demonstra uma de duas coisas: ou que a velha dicotomia direita/esquerda anda moribunda, ou que por ali reina uma enorme confusão ideológica. Repare que todos prometem baixar coisas como o IVA, o IRS ou os preços das passagens aéreas. Tal como prometem subir coisas como os salários, os complementos e apoios às famílias ou os incentivos às empresas. Note ainda que todos têm soluções miraculosas para problemas como o despovoamento, a baixa natalidade ou o envelhecimento populacional. Porém, se nenhum deles explica como é possível diminuir a receita e ao mesmo tempo aumentar tanto a despesa, nem explica como descobriu a solução, até agora desconhecida, para os problemas demográficos, isso não abranda o frenesim e muito menos o ritmo avassalador do bazar e do leilão de promessas.

Resolver a habitação? Fácil, acabe-se com o alojamento local. Combater a inflação? Simples, basta diminuir o IVA. Resolver as listas de espera? Peanuts, que isto vai lá com cheques para todos. Garantir a ligação Ferry? Eureka, a Região que pague.

O eleitorado é, então, um mar de oportunidades, de esperanças e de devaneios. Presumo que alguns até sintam vergonha do que prometem, mas que instigados (ou obrigados) se sintam no dever de cumprir com a solidariedade política. Ainda assim, não é grande mal que venha ao mundo, porque apesar da bazófia, só se deixa enganar quem quer. Mas exige-se mais aos partidos grandes do que aos partidos pequenos. Os partidos pequenos podem contentar-se com o protesto, a causa, o episódio, a piada, a rábula, a pequena política, a denúncia. Os partidos grandes, não. Os grandes precisam de projectos, de ideias, de propósitos, de objectivos, de um rumo e de uma visão, de seriedade, de verticalidade. Manipulado pelos interesses de dois fugitivos, o PS voltou a não entender o que de si se esperava.


Com papas e bolos...

Alguém devia explicar ao Sr. Élvio Sousa do JPP que baixar o IVA dos produtos básicos de 5 para 4% não faz diminuir o preço dos bens em 20% como, de forma persistente e ignorante, ele apregoa aos microfones da televisão. E já o fez pelo menos duas vezes: no domingo, dia 3 de Setembro, em reportagem transmitida pelo telejornal da RTP Madeira; e na terça-feira, dia 5 de Setembro, em entrevista concedida à mesma RTP Madeira. Em contas simples e ilustrativas: se 1kg de batata custa 1€ sem IVA, com IVA a 5% vai custar 1,05€, e com IVA a 4% vai custar 1,04€. Não sei quem lhe faz as contas, mas é com papas e bolos que se enganam os tolos.

OPINIÃO EM DESTAQUE
Coordenadora do Centro de Estudos de Bioética – Pólo Madeira
18/12/2025 08:00

Há uma dor estranha, quase impossível de explicar, que nasce quando alguém que amamos continua aqui... mas, aos poucos, deixa de estar. Não há funerais,...

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