MADEIRA Meteorologia

Artigo de Opinião

O ESPÍRITO DOS TEMPOS

4/11/2022 08:00

A alucinação da pátria tem responsáveis identificados. Por um lado, o Presidente da República que com a fome de aparecer se enterra quotidianamente numa certa irrelevância. Por outro lado, o primeiro-ministro, o obreiro de parte do sarilho em que estamos metidos, apesar da fama de grande timoneiro. Sim, há gente que reconhece, num e noutro, a "habilidade" política inata dos sobreviventes. Outros, contudo, vêem-lhes a tendência para um certo malabarismo e revisionismo declarativo e político, mais consentâneo com a realidade. Aliás, Marcelo fez-se da inteligência, do cinismo e de manjares imaginários até ao topo. Já Costa foi mais formiga e oportunista até conseguir usurpar o poder. Os dois andam agora muito contentes a vender comida estragada, que é o mesmo que dizer, um Orçamento do Estado quase todo fora das circunstâncias. Não os comove.

Por sua vez, os portugueses parecem-me mais traumatizados por sentirem o dinheiro a evaporar-se dos bolsos sem esforço, do que felizes com a farsa em exibição. Porém, são bastantes os que se deixam levar pelo talento de Costa que, seguro numa maioria absoluta, destrói o futuro das novas gerações, enquanto a quadrilha à sua volta vai tratando da vidinha. E se meia dúzia de escândalos a abrir não afligiram ninguém, o mesmo foi igual quando no Conselho de Ministros a consanguinidade era lei e condição e havia gente envolvida em artimanhas e esquemas só possíveis em Estados socialistas ou em Estados dominados por socialistas ou em Estados com socialistas inimputáveis. Tudo sem consequência de maior.

Quando 7 anos (ou 84 meses, ou 2555 dias, ou 61320 horas) depois, o 1º Ministro continua a ir à Assembleia da República pôr a culpa da extinção dos dinossauros no PSD e no Passos Coelho, isto significa que daqui por mais 4 anos (ou 48 meses, ou 1440 dias, ou 34560 horas), vai continuar a insistir na simplicidade do bitaite e de quem se alimenta dele. Com o debate na casa da democracia a resvalar para a sarjeta e a briga de bordel, Costa assume que o novo objectivo, depois da obrigatória eleição de Santos Silva para presidente daquilo que agora ele quer transformar em tasca, é erodir e vilipendiar o que ainda sobrar de dignidade. Certo é que, com o Presidente no bolso e a Assembleia domesticada, a excursão se anuncia triunfante, e quem não concorda com ela é um André Ventura em potência ou, quiçá, um Hitler, em dose moderada, mais envergonhado. O portefólio não tem fim. Tal qual a mistela argumentativa usada de propósito para tentar fazer dançar os ovos com as pedras.

Então, imbuído pela sua própria sapiência política, magnificamente expressa num português sempre impecável, escorreito e incorrigível, o primeiro-ministro hoje ri-se com vontade dos deputados que o deviam escrutinar, das patranhas que enfia nos ouvidos de todos, e dos tolos caídos na esparrela. Já o Presidente da República e o universo socialista aplaudem-no, exultam-no e riem-se com ele. Presumo que lhe vejam piada. Ou então é porque adivinham chuva.


Lindas figuras

O orçamento do Estado, como está, não serve a Madeira porque não serve os interesses da sua população. Ainda assim, não se trata apenas da discriminação evidente entre filhos e enteados (que já nos negou mais de mil milhões de euros), é também consequência da demissão das funções soberanas do Estado a que não nos devíamos habituar. À equação junta-se a letra morta constitucional e os artigos por cumprir que vão das ligações marítimas que não existem, aos serviços de segurança que se degradam ou às coisas simples como a reposição do porte pago, o pagamento das dívidas acumuladas nos subsistemas da saúde, a qualidade dos serviços do Estado, os programas nacionais variados e inacessíveis ou o ressarcir pela dívida produzida pelas centenas de anos de exploração colonial. Tudo oculto com alacridade por indivíduos que deambulam a pedir o voto, qual jograis enviados do Reino, desavergonhados e sem nenhum siso. Fixados numa obsessão, e manietados pela quinta coluna, nunca perceberam o fundamental: o colaboracionismo é uma ideia que geralmente termina mal. Se esta gente mandasse por cinco minutos, a Madeira passava, num fósforo, de Região Autónoma a Direcção-Geral onde seria obrigatório pedir licença para falar ou tirar senha para ser atendido. Todavia, é impagável ver os socialistas desdobrados nas rádios, nos jornais, na televisão, no parlamento e, calculo, também nos cafés, em casa, nos centros comerciais e onde calha, a vender a banha de cobra do orçamento, um paliativo à socialista que é péssimo, curto, desfasado, tímido e, sobretudo, injusto. Que lindas figuras.

OPINIÃO EM DESTAQUE
Coordenadora do Centro de Estudos de Bioética – Pólo Madeira
18/12/2025 08:00

Há uma dor estranha, quase impossível de explicar, que nasce quando alguém que amamos continua aqui... mas, aos poucos, deixa de estar. Não há funerais,...

Ver todos os artigos

88.8 RJM Rádio Jornal da Madeira RÁDIO 88.8 RJM MADEIRA

Ligue-se às Redes RJM 88.8FM

Emissão Online

Em direto

Ouvir Agora
INQUÉRITO / SONDAGEM

Qual o valor que gastou ou tenciona gastar em prendas este Natal?

Enviar Resultados
RJM PODCASTS

Mais Lidas

Últimas