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Artigo de Opinião

SIGA FREITAS

20/07/2022 08:00

A grande revolução da floresta em Portugal deu-se primeiramente com D. Afonso III e posteriormente com D. Dinis. Grandes reis visionários para o país, ou não, ou simplesmente queria travar a erosão que vinha das praias, não precisou de um plano de experts, não precisou de vários pareceres de diversas entidades inúteis até tomar a decisão de arborizar a zona de Leiria, naturalmente ouvindo os seus conselheiros, tomou a decisão de que o País precisava.

Logo no século XV foi utilizada madeira do pinhal de Leiria para as caravelas, como escreveu Luís de Camões. Já em pleno século XXI, afirma-se, terá sido utilizado pela "Máfia do Pinhal" para desvalorizar o valor da madeira para ser utilizada nas diversas indústrias: papel, energética, móveis e etc… Será que não deveria haver uma fiscalização e seguir para onde vai essa madeira proveniente dos incêndios?

Já escrevi isto diversas vezes, mas Portugal é dos únicos países do Mundo que se surpreende com o Verão, Inverno e, pior que tudo, ainda não se preparou para as alterações climáticas que estão a vir a passos largos. Portugal, de acordo com um estudo publicado na Science, do francês Joel Guiot, que diz, de forma resumida, que o sul do país transformar-se-á num deserto, aliás, ameaça que abrange o Sul de toda a Península.

O que se discute então em Portugal para minimizar isto? Que eu saiba, é fazer um aeroporto, quando temos o de Beja deserto.

Mas voltemos aos incêndios, se na catástrofe de Pedrógão a culpa era dos SIRESP, este ano ainda não sabemos a razão, mas deve haver um qualquer responsável, mas uma coisa é certa: não será nem o Governo, nem as Câmaras, nem ninguém, será a população que não limpou os seus terrenos, de que paga IMI, sem contrapartidas económicas, e sem acesso aos fundos que vêm da Europa. Ou então podemos culpar D. Dinis e D. Afonso III por terem feito aquela revolução florestal, sem a qual, neste momento já não estaríamos vivendo os fogos, mas sim num deserto há vários séculos.

O fim dos governos civis fez com que a existência de sinergias intermunicipais quase desaparecesse. Essa medida tem prejudicado o país, pois temos um país demasiado dividido em capelinhas, ou seja, multiplicações de organizações, de proteções civis municipais em que se podia reaproveitar meios. Muito se tem feito com o que existe. A verdade era para ontem: houvesse a Regionalização de Portugal Continental. Chega de capelinhas!

É hora de responsabilizar Governos, autarquias, mas, acima de tudo, responsabilizar todos os que fizeram com que o interior fosse marginalizado, esquecido, num centralismo grotesco que procura controlar tudo e todos, mas, quando algo corre mal, é sempre culpa dos outros, no SNS é culpa dos médicos ou dos enfermeiros, até dos doentes; nas escolas é culpa dos professores e auxiliares; já nos incêndios é negligência dos portugueses não dos governantes… Ao fim de contas, queremos um Governo para quê? Para cobrar-nos impostos?

A semana passada morreu o André Serra, sacrificou a sua vida por um bem maior que foi proteger a vida de muitos de nós, deixou a sua filha de 5 anos e a sua família prematuramente. Como crescerá esta criança? Espero que lhe digam que o seu pai foi um herói!

Post Scriptum: Não posso deixar de comentar o assassinato da pequena Jéssica, gostaria tanto que Portugal evoluísse para uma Inglaterra, que, recentemente, adotou a pena de prisão perpetua para qualquer pessoa que cause ou permita a morte de uma criança ou adulto ao seu cuidado: e enfrentar prisão perpétua, essa é a Lei Tony, uma criança chamada Tony que foi sujeita a tantos maus-tratos pela família biológica que teve as pernas amputadas daí o nome da lei. A Jéssica, a Valentina, a Leonor, o Henrique, o Daniel, a Gianna e a Joana foram alguns dos casos de mortes de crianças em Portugal, alguns dos responsáveis por essas mortes, brevemente estarão livres. Isto é a justiça que se espera? Essas crianças morreram e o que se faz após passar a indignação nacional que se vê nas notícias? Nada!!!

OPINIÃO EM DESTAQUE
Coordenadora do Centro de Estudos de Bioética – Pólo Madeira
18/12/2025 08:00

Há uma dor estranha, quase impossível de explicar, que nasce quando alguém que amamos continua aqui... mas, aos poucos, deixa de estar. Não há funerais,...

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