Faleceu, na madrugada desta segunda-feira, em Oeiras, João da Cruz Nunes.
Natural da freguesia do Jardim do Mar, João da Cruz Nunes foi ordenado padre na Sé do Funchal a 15 de agosto de 1959, pelo então bispo da diocese, David de Sousa.
Depois de uma passagem por Lisboa, onde se licenciou em Românicas, em 1966, na Faculdade de Letras, regressou à Madeira, assumindo o cargo de assistente diocesano dos movimentos operários da Ação Católica.
De acordo com a publicação 7Margens, João da Cruz Nunes foi também um dos principais responsáveis pela criação e dinamização do Centro de Cultura Operária, do Funchal. E seria depois o principal impulsionador do denominado Grupo dos Padres do Pombal, que viviam em comunidade onde se incluíam ainda os padres Rufino da Silva e Lino Cabral, aos quais mais tarde se juntou Sidónio Figueira.
A publicação refere ainda que a casa do Pombal – assim chamada por se situar na rua com o mesmo nome, no Funchal – foi atacada e destruída, no dia 11 de novembro de 1974, com uma bomba-relógio. Por um golpe de sorte, os padres tinham, nessa manhã, saído mais cedo de casa e por isso não houve vítimas. Também o pequeno automóvel do padre Cruz Nunes foi destruído a 14 de janeiro de 1976. Ambos os atentados foram atribuídos à Flama (a autodenominada Frente de Libertação do Arquipélago da Madeira).
Por se sentir desprotegido pela hierarquia, com a Diocese do Funchal nas mãos do novo bispo Francisco Santana, e pelo próprio Estado, João da Cruz Nunes decidiu abandonar o ministério sacerdotal e, já em Lisboa, formalizou a saída, dedicando-se então ao ensino, onde foi professor no Liceu de Oeiras.
As cerimónias fúnebres de João da Cruz Nunes, um dos ‘padres do Pombal’, decorrem nesta sexta-feira, 7 de novembro, na Paróquia de São Julião da Barra, em Oeiras, com o velório a partir das 10h00 e missa às 15h00, a que se seguirá o funeral.