O eurodeputado madeirense Sérgio Gonçalves participou, esta manhã, num debate promovido pelo Euractiv sobre o papel da amónia na descarbonização do transporte marítimo de longa distância. O evento contou também com representantes da Comissão Europeia, da Agência Europeia da Segurança Marítima, investigadores e representantes da indústria, tendo como objetivo debater os próximos passos da transição energética do setor marítimo e o papel que a União Europeia poderá desempenhar neste processo.
Na sua intervenção, o eurodeputado sublinhou que a “União Europeia tem liderado o esforço para descarbonizar o transporte marítimo, mas é uma batalha que não podemos vencer sozinhos”. Sérgio Gonçalves lamentou que o adiamento para 2026 da votação, na Organização Marítima Internacional (IMO), sobre regras a nível mundial para atingir a neutralidade carbónica, defendendo que a UE e os seus Estados-Membros devem usar “todo o seu peso diplomático para garantir um acordo global em 2026” sem abrandar o processo de transição interna.
O socialista recordou que, até que haja um consenso internacional, é fundamental que a UE mantenha o rumo da transição energética no setor marítimo, aplicando de forma coerente as medidas já aprovadas e garantindo previsibilidade para os operadores. Sublinhou ainda que “a UE deve mostrar ao mundo que a transição verde não é apenas possível, mas também benéfica para as nossas economias”.
Referindo-se à amónia, Sérgio Gonçalves explicou que, mais do que discutir tecnicamente cada opção, é essencial alcançar um consenso sobre quais combustíveis poderão ser utilizados de forma ampla e eficiente. “É preciso encontrar uma ou duas alternativas que funcionem e que possam ser comercializadas a larga escala”. Usando o exemplo da Madeira, acrescentou que “não é viável que ilhas ou regiões de pequena dimensão tenham de produzir ou armazenar múltiplos combustíveis”.
O eurodeputado alertou também para a necessidade de estabilidade regulatória. “Muitas empresas já investiram significativamente na descarbonização e precisam de um enquadramento previsível para planear a longo prazo”, referiu, destacando que o transporte marítimo é uma indústria em que os ativos permanecem operacionais durante várias décadas e as decisões que forem tomadas agora irão definir a operacionalidade e viabilidade dessas empresas nos próximos 20 anos.
Para Sérgio Gonçalves, a descarbonização trará benefícios concretos para as populações costeiras e portuárias, salientando que “a transição para combustíveis com zero ou baixo teor de carbono trará melhorias na qualidade do ar em redor dos portos, com menos doenças respiratórias e uma melhor qualidade de vida para quem vive ou trabalha nestas zonas”.
Para o deputado, esta transformação representa também uma oportunidade económica, desde que acompanhada pelas condições adequadas. “Os investimentos na produção de combustíveis limpos, em infraestruturas portuárias e em formação profissional trarão emprego qualificado e maior competitividade para as comunidades locais”, afirmou. Sérgio Gonçalves concluiu que a “descarbonização é uma oportunidade, mas é preciso garantir que não deixamos nenhuma região para trás”.
O evento contou com transmissão online e pode ser revisto em https://www.youtube.com/live/HE4rYFmcF6s.