Pacheco Pereira, professor universitário, historiador e político, defende que a escola precisa de uma transformação profunda, criticando o “deslumbramento tecnológico” e a forma como o sistema de ensino tem perdido o seu verdadeiro papel na formação dos jovens.
“Acho que não basta mudar uma ou outra coisa. É preciso repensar a escola de forma completamente diferente, sob pena de ela não cumprir o papel que a sociedade espera”, afirmou o docente, à margem do II Encontro de Administração Educacional que hoje termina.
O historiador considera que a escola atual “mata a curiosidade” e falha na construção de identidade dos jovens. “Hoje há mudanças profundas nos hábitos, na maneira como se constrói uma identidade. Os jovens têm cada vez menos vocabulário, leem menos e olham menos para o mundo com curiosidade”, lamentou.
Entre as principais críticas, destacou o “excesso de confiança na tecnologia” como solução para os problemas da educação.
“Pensar que saber usar o computador ou andar nas redes sociais é, por si só, conhecimento, não é verdade. Os tablets e os livros não se substituem, cada um tem o seu papel”, sublinhou.
Pacheco Pereira afirma ainda que, apesar de reconhecer o mérito neste tipo de iniciativas educativas, muitos dos jovens que participam “são excecionais e não representam a realidade da maioria”.
“Há uma ilusão de que todos os jovens estão envolvidos, mas não estão. Em muitas escolas, os alunos são obrigados a participar nestes eventos, sem manifestarem um verdadeiro interesse”, concluiu.