Júlia Caré, presidente da Assembleia Municipal de Santa Cruz, alertou esta manhã, na cerimónia dos novos órgãos autárquicos de Santa Cruz, em frente à Câmara Municipal, para “os números preocupantes” da abstenção.
“Mais do que a fria estatística das percentagens, eles representam cidadãos e cidadãs que decidiram não participar no ato de cidadania cívica e política do passado dia 12 de outubro, auto excluindo-se do processo base da democracia, cujas razões deveríamos procurar entender, mas cuja análise não cabe aqui e agora aprofundar”, disse, considerando tratar-se de um assunto que deve ser alvo de reflexão, nomeadamente nas comemorações dos 50 anos da instauração da democracia.
Defendeu ainda uma avaliação ao quadro legislativo que, “operando uma necessária descentralização do governo da coisa pública, consagrada na Constituição, que também celebra 50 anos, importa aprofundar”.
E nessa discussão, acrescentou, “incluir também competências e responsabilidades adquiridas, pacotes financeiros subjacentes, meios de execução do poder autárquico, de modo a fortalecer a sua autonomia, representação e capacidade de decisão do poder do Estado à escala local, que há que preservar e defender, num tempo em que crescem no horizonte as ameaças à democracia”.
Caré disse ainda que a democracia precisa sobretudo “do contributo participativo e crítico de todos e todas, cidadãos e cidadãs, contributo esse essencial às dinâmicas da construção do desenvolvimento, e de uma maneira muito particular à escala do poder local autárquico”.