O Representante da República na Madeira, Ireneu Barreto, presidiu hoje a cerimónia comemorativa do 107º aniversário do Armistício da Grande Guerra no Porto Moniz, promovida pelo Núcleo do Funchal da Liga dos Combatentes, cujo tema principal desenvolve-se em redor do Armistício da Primeira Guerra Mundial e o fim da Guerra Colonial.
Na sua intervenção, o Representante do Chefe de Estado na Região destacou para a importância de “lutar contra o esquecimento” e defender a memória histórica como forma de projetar o futuro.
Ireneu Barreto lembrou que a Primeira Guerra Mundial foi “um dos períodos mais negros e sinistros do século XX”, responsável pela morte de mais de 20 milhões de pessoas.
A cerimónia recordou ainda os 50 anos do fim da Guerra do Ultramar, um conflito que o representante classificou como tendo deixado “feridas ainda por cicatrizar e injustiças por resolver”.
Apesar de contextos históricos distintos, Ireneu Barreto sublinhou o papel comum das Forças Armadas, “os homens e, crescentemente, as mulheres que envergam um uniforme militar não têm como único propósito pegar em armas”, afirmou, lembrando o apoio prestado na Madeira em aluviões, incêndios e durante a pandemia.
Numa intervenção marcada por paralelos entre passado e presente, Barreto considerou que as tragédias do século XX não impediram o ressurgimento de conflitos no continente europeu. “Hoje mesmo, no nosso espaço europeu, morrem milhares de soldados e civis diariamente, numa guerra cruel e sem sentido, que devasta a Ucrânia”, declarou, referindo-se também aos “sacrifícios crescentes” impostos à população russa.
Diante deste cenário, defendeu que Portugal tem de se preparar, em conjunto com os parceiros da NATO e da União Europeia, para responder a futuras ameaças. “Aumentar a nossa despesa em Defesa não é um capricho ou uma opção ideológica; é uma inevitabilidade”, afirmou.
Apesar de defender o aumento da despesa militar, Barreto frisou que esse reforço deve ter efeitos positivos para o desenvolvimento nacional. “É importante que, ao gastar mais em meios militares, se valorize o estatuto do seu pessoal e se invista sobretudo em Portugal”, disse, apontando setores como drones, construção naval e aeronáutica.
O governante sublinhou ainda que os equipamentos adquiridos devem, tanto quanto possível, ter “utilização dual, civil e militar”. Contudo, deixou um aviso, “impõe-se que o aumento da despesa nacional não se faça com a contração das funções sociais do Estado”, concluiu.