"Não é novidade que a infraestrutura informática do Governo Regional tem fragilidades. Já foram noticiados ataques cibernéticos em julho de 2019 e julho de 2022. Não faltaram avisos. Mas se nesses casos os alvos foram páginas de mera informação pública, desta vez os atacantes devem ter tido acesso aos dados mais confidenciais que o Estado tem sobre os cidadãos - os dados da saúde de cada um de nós." Quem o diz é Duarte Gouveia, candidato n.º 3 da Iniciativa Liberal às regionais.
O candidato considera que uma política de proteção de sistemas de informação deve proteger o acesso, o uso, a divulgação, a disrupção, a modificação e a destruição de dados.
"O ataque que foi ontem anunciado ao Serviço de Saúde da Madeira atingiu o que deve ser protegido em toda a linha", disse, acrescentando que "neste momento os serviços de saúde públicos estão comprometidos. Consultas, cirurgias, exames complementares, e mesmo os serviços telefónicos, tudo a funcionar com enormes restrições e com previsão de "recuperação prolongada".
Duarte Gouveia alertou para a necessidade de condenar os atacantes e, paralelamente, avaliar aqueles que têm responsabilidade política pela proteção de dados.
Pese embora reconheça que "nunca se possa garantir segurança absoluta", o candidato assume que "há muito que pode ser feito para aumentar a ciber-resiliência, reduzir riscos e garantir confidencialidade, integridade e disponibilidade da informação".
Ademais, Duarte Gouveia lembrou que a 9 de março deste ano, o secretário das finanças anunciou que a Madeira iria avançar com uma proposta de Política de Cibersegurança, aplicada a toda a administração pública, designadamente, à produção e distribuição de electricidade e água, à Proteção Civil, e ao Serviço de Saúde e que, já no início deste anoj foram contratados 600 mil euros e mais se anunciou nesse evento até ao final do primeiro semestre.
Também em 9 de outubro de 2021 e 8 de junho de 2022, entre outras, relembrou que o Governo Regional anunciou que iria investir dois milhões de euros do PRR, bem como 500 mil euros por ano do Orçamento Regional, em Cibersegurança. E que, no início deste ano, também foram anunciados investimentos na ordem dos 114 milhões de euros para a transição digital.
"Se tudo isto foi gasto, porque é que aparentemente tudo falhou?", questiona.
"Mas mesmo que tenha existido um ataque bem-sucedido, entre as medidas de resiliência está a possibilidade de recuperar os sistemas com base nos dados em cópias de segurança. Estranhamos muito que tal não tenha sido possível e que se preveja a tal ‘recuperação prolongada’, acrescenta.
"As trapalhonas conferências de imprensa dadas pelos responsáveis, não nos deixaram mais sossegados, antes pelo contrário", conclui.
Mónica Rodrigues