O representante da República para a Região Autónoma da Madeira preside na manhã desta quarta-feira à cerimónia comemorativa do ‘Dia da Unidade’ do Aeródromo de Manobra N.º 3, no Porto Santo.
Na sua intervenção, Ireneu Barreto registou que o Porto Santo, “na sua dupla insularidade, tanto ganha com a operação deste aeródromo”, da mesma forma que a Região também “beneficia com a disponibilidade destes meios aeronáuticos”, tal com o, de resto, é aplicável à “República, que, enquanto Estado unitário, vê assegurada a sua presença soberana neste território”, salientando o seu agrado por estar presente, pois uma das suas funções é também “ajudar a fazer esta ponte entre as entidades que também representam a República – como as Forças Armadas – e as entidades da Região”.
Saudando “mulheres e homens da Força Aérea, neste Dia da Unidade”, e relevando que “cada um de vós é herdeiro de uma tradição que está bem expressa na divisa do vosso brasão ‘Sempre Prontos’”, garantiu que “somos testemunhas de que assim é. Todos os que vivem na Madeira – e muitos dos que nos visitam - são testemunhas do abnegado serviço que as Forças Armadas, e muito particularmente a Força Aérea, prestam às populações civis”.
Reconhecendo que há momentos de maior visibilidade, nomeadamente “em alturas de emergência, como nas catástrofes que a todos afetam, e em momentos de aflição mais individual”, Ireneu Barreto salientou todo um outro trabalho a montante, acentuando que “o cumprimento de missões de proteção civil por parte das Forças Armadas é um dos alicerces do seu prestígio entre as populações”.
“Eventualmente com menos notoriedade imediata, o papel das Forças Armadas enquanto garante da soberania nacional não pode ser esquecido. Para mais num Estado cuja soberania territorial se alarga muito – diria mesmo, muitíssimo – para além das fronteiras traçadas na terra. A circunstância de Portugal incluir dois territórios insulares, tão diversos como ricos em história e gentes, coloca o nosso País numa posição privilegiada”, fundamentou.
No atual contexto, prosseguiu, “de conflitos múltiplos e assimétricos, de ameaças novas e, digamo-lo, de guerras em curso, incluindo no espaço europeu, torna-se imperioso voltar as nossas atenções para os meios que colocamos à disposição das nossas Forças Armadas. Meios materiais, mas também meios humanos. É necessário equipamento e armamento, mas são precisos mulheres e homens motivados e disponíveis para os operar”, explanou Ireneu Barreto.
Desta sua leitura, “talvez se coloque aqui uma das maiores dificuldades aos decisores, que terão, pela natureza das coisas, de saber lidar com recursos que, sendo escassos, se forem alocados a uma despesa, já o não serão a outra”.
Trocando por miúdos, especificou, então, que “deixo este alerta porque entendo ser uma necessidade fortalecer o orçamento das Forças Armadas. Mas também compreendo que tal dotação não pode implicar a desvalorização do Estado social”.
Solução? “Creio que o caminho terá de passar por pensar mais em investimento e menos em despesa. Para que não nos foquemos unicamente nos custos, mas também nos proveitos. Não se trata unicamente de um jogo de palavras, ou até de técnica contabilística. Pelo contrário. São inúmeros os exemplos de alocação de recursos a tecnologias de duplo uso, civil e militar. De desenvolvimentos na área da defesa que, mais tarde, chegam às mãos dos utilizadores comuns. Na fabricação de produtos que, destinando-se ao uso militar, criam empregos qualificados. Não estamos destinados a ser meros compradores. Dispomos de conhecimentos suficientes para criar, produzir e vender, para apostar na tecnologia, na indústria e no capital humano que, contribuindo para os esforços do sector da Defesa Nacional, também acrescentam riqueza do nosso País”, conforme desenvolveu.
Ireneu Barreto reiterou que “vivemos tempos de conflitos e de incerteza” e numa atitude (ainda) mais pedagógica, aconselhou no sentido de “não os enfrentarmos de forma isolada. Com as nossas alianças externas, mas também com a nossa coesão interna, com os nossos responsáveis civis, mas também com o inestimável papel das nossas Forças Armadas, saberemos enfrentar este século XXI que se nos mostra tão desafiador”.
“Tal como esta pequena ilha foi, para os nossos descobridores, um ‘porto santo’, havemos, em conjunto, de saber fazer do nosso tempo, um porto de esperança para nós e para os que hão de vir depois de nós. Para isso, muito temos a aprender com os valores de que vós, militares, sois portadores e garantes”, consoante terminou a sua oratória.