O secretário-geral do JPP, Élvio Sousa, lamentou esta manhã o que classificou como “duas semanas negras para as aspirações dos madeirenses”, sublinhando o recuo do Governo da República em compromissos fundamentais para a coesão e mobilidade dos cidadãos da Região Autónoma da Madeira.
Élvio Sousa recorda que o Orçamento de Estado para 2025 previa, no seu artigo 154.º, o lançamento de um concurso público internacional “com vista à criação de uma linha marítima regular de transporte de passageiros e carga rodada de navio ferry entre a Região Autónoma da Madeira e o continente”.
“Sem cumprir esse desiderato, o Governo da República recua com o concurso e deseja, apenas, elaborar um estudo económico e financeiro. Mais tempo para adiar e justificar o injustificável”, afirmou o dirigente do JPP.
O secretário-geral acrescentou ainda que o Ministro Miguel Pinto Luz, em resposta ao deputado do JPP Filipe Sousa, “começa por arranjar desculpas esfarrapadas”, referindo-se a alegados prejuízos da operação anterior e insistindo “na tese gasta da subsiodependência”.
“Tudo isto é uma montagem para ganhar tempo e adiar a operação”, criticou Élvio Sousa, alertando que “parece claro que os conselheiros do Almirante Gouveia e Melo, que discordam da operação Ferry, serão os mesmos do atual Ministro”.
O secretário-geral do JPP lamentou igualmente o retrocesso na promessa de eliminar o reembolso no modelo do Subsídio Social de Mobilidade.“Depois do Secretário Regional Eduardo Jesus ter dito em outubro de 2025 que a plataforma eletrónica permitiria aos residentes pagar apenas o valor final da passagem aérea (59€ ou 79€), esta última sexta-feira foi categoricamente desmentido pelo ministro Pinto Luz”, destacou Élvio Sousa.
Segundo o ministro, o reembolso será processado “num dia ou dois” após o pagamento total. Para o JPP, trata-se de uma “machadada final na palavra de Albuquerque, Ramos e Eduardo Jesus”.
“Perante este balde de água fria, que veio dar razão às desconfianças do JPP, o silêncio reina no vazio da Quinta da Vigia”, afirmou o líder partidário, acrescentando que “os obreiros do novo e milagroso modelo de subsídio de mobilidade, que inflacionou o preço das viagens entre a Madeira e o Continente, estão sem pio”.
Élvio Sousa recordou ainda que “a tal plataforma estaria prevista para junho, depois dezembro e agora janeiro, e, no final de contas, os madeirenses e os açorianos continuam a adiantar o valor total da viagem”.
O líder do JPP apontou também o que considera ser a “prova do casamento político” entre o PSD e o CHEGA em Santa Cruz.“Enquanto o espalha-brasas do deputado do CHEGA Francisco Gomes anda cismado com uma suposta mesquita em Santa Cruz, pois nem um simples papel sabe ler e interpretar corretamente, o seu CHEGA e o ex-PSD casaram, em segredo, para aprovar uma lista conjunta para a mesa da Assembleia de Freguesia de Santa Cruz, que foi ganha pelo JPP”, afirmou.
“Afinal, o acordo existe entre os dois, e o CHEGA e o PSD, que perderam as eleições, estão feitos, juntinhos em ‘panelinha’ e, assim, uniram-se de facto numa ‘igreja’ ou na ‘mesquita do Funchal’”, concluiu Élvio Sousa, garantindo que “o povo vai ser informado”.